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Raul Velloso: retrato ruim e filme ainda pior
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Raul Velloso

“Nas contas públicas, o retrato é ruim e o filme, ainda pior. As concessões de infraestrutura não deslancham”. Assim Raul Velloso começou sua palestra no evento organizado pelo Ibmec, em parceria com o Instituto Millenium e o Instituto Liberal.

Sem rodeios, o especialista em contas públicas deixou claro que a situação é muito preocupante. O governo não consegue nem fazer mudanças de curto prazo, nem reformas de longo prazo. Sem isso, a economia brasileira não conseguirá crescer a taxas mais elevadas.

A foto: o superávit fiscal desabou nos últimos anos, mesmo levando em conta as estatísticas oficiais, com manobras. O superávit expurgando esses malabarismos está perto de 1,4% do PIB, patamar baixo. E os malabarismos ainda minaram a credibilidade do governo.

O país corre o risco de perder até o “investment grade” das agências de risco, o que seria muito negativo. Para o especialista, o mais triste é que nada disso precisava ter acontecido. Velloso até reconhece que há algum esforço para conter os gastos com pessoal, mas como as receitas desabaram, o resultado fiscal piorou muito.

Velloso chamou a atenção para o papel do BNDES, que recebeu R$ 300 bilhões para repassar aos “campeões nacionais”, inflando a dívida bruta do governo. Isso foi fundamental para prejudicar a credibilidade do governo.

Já o drama de longo prazo é o gasto com previdência, que pode dobrar até 2040. Sem reformas, esse gasto, somado ao com pessoal, pode chegar a quase 30% do PIB! Tem solução: se fizerem reformas, ele pode se manter estável, mais perto de 15% do PIB. Resta saber: vão fazer as reformas?

Por fim, o setor público tem sido um grande elefante, que não faz as concessões que deveria, tem um “conflito com o DNA”, ou seja, um fator ideológico que impede o bom senso. O próprio governo quer fazer tudo, e exige do setor privado uma postura típica de setor público, ou seja, sem buscar os maiores retornos possíveis. Com cobrança de tarifas irrealistas, os investidores fogem.

A ineficiência do governo tem custado muito caro ao país. Falta inclusive gente qualificada para gerir a complexa agenda de concessões. A antecipação do calendário eleitoral também atrapalha. Trocaram as bolas e inverteram as fases naturais do processo: nem olham o plano de negócios e a pré-qualificação. O foco eleitoral polui o processo e atrai somente os grupos mais oportunistas. O resultado é caótico.

As melhorias são muito lentas. Conclui Velloso: “O setor privado é a única saída para entrar e resolver esse problema da infraestrutura!”

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