O pacote de intervenção via leilões de swap anunciado ontem pelo governo surtiu efeito, e o dólar perde no momento mais de 3% em relação ao real. Mas será que a tendência de desvalorização da nossa moeda se inverteu? É cedo para dizer. Mas podemos afirmar, com mais convicção, que os fundamentos não mudam nada com tal medida. O governo segue de mãos atadas à espera de um milagre.
Um desses “milagres” seria justamente a retomada da economia americana não ser para valer. Se o crescimento econômico dos Estados Unidos decepcionar, isso significa que o Fed, o Banco Central de lá, não retirará os estímulos monetários tão cedo. Com isso, o dólar tenderia a perder força vis-à-vis as demais moedas. A parcela global do fenômeno de nossa desvalorização daria um importante alívio.
Foi o que aconteceu hoje. O dado de venda de casas novas nos Estados Unidos foi muito fraco, bem abaixo do esperado pelo mercado. A expectativa era de 487 mil casas novas vendidas, e foram somente 394 mil. O gráfico abaixo mostra como esse último dado representa uma queda razoável em relação a tendência de recuperação dos últimos meses:
Pode ser um ponto fora da curva, ou pode ser que o otimismo com a recuperação desse importante setor estivesse exagerado. A definição disso será fundamental para a tendência do dólar no mundo. A prova de que esse dado foi importante na desvalorização do dólar hoje está na forte alta do ouro também, devido à expectativa de que o Fed possa esperar mais tempo para retirar os estímulos:
Resta ao governo brasileiro, incapaz de tomar as duras medidas necessárias para fortalecer nossa economia e resgatar sua credibilidade, torcer para que novos dados fracos sejam divulgados nos Estados Unidos. Só isso mesmo para dar alívio ao mercado de câmbio, pois se depender da intervenção do BC, o efeito será totalmente temporário e ineficaz.
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