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Sob o comando do marqueteiro
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O artigo de Rogério Werneck hoje está impecável e vai direto ao ponto: o PT antecipou as eleições e o governo Dilma já é totalmente pautado pelo marqueteiro, de olho apenas nas urnas de 2014. Essa obsessão eleitoreira afetou a coisa toda. Não há mais nada que saia do Planalto sem o intuito de obter mais votos. Werneck diz:

Para perceber com clareza a extensão da mistificação que marcou o pronunciamento da presidente em cadeia nacional de rádio e televisão, na semana passada, basta ter em conta a forma como foi tratado o crescimento da economia brasileira em 2013. “No segundo semestre, fomos uma das economias que mais cresceu no mundo. Superamos os maiores países ricos, entre eles os Estados Unidos e a Alemanha. Ultrapassamos a maioria dos emergentes e deixamos para trás países que vinham se destacando, como México e Coreia do Sul.”

O que assusta é o festejo imediatista e espalhafatoso do desempenho sabidamente efêmero da economia no segundo trimestre. São bem outras as reais perspectivas de expansão do PIB neste ano. Na última pesquisa Focus do Banco Central, feita a partir de previsões de uma centena de instituições diferentes, a mediana das expectativas de crescimento da economia brasileira em 2013 foi estimada em não mais que 2,35%. Um desempenho que mal dará para deixar a taxa média anual de crescimento do PIB, nos primeiros três anos do governo Dilma Rousseff, em pífios 2%.

Até mesmo o Banco Central adotou um discurso todo alinhado com a meta política do governo, inclusive endossando a mentira de que não há mais expansão fiscal em curso, que agora temos uma postura fiscal neutra. Tudo balela! É a pá de cal na credibilidade do BC, um trabalho contínuo da era petista que afundou de vez a imagem dessa fundamental instituição. Werneck toca na ferida:

Na última ata do Copom, o Banco Central anunciou que já tem razões para crer que a política fiscal está prestes a deixar de ser expansionista. E que, no futuro próximo, passará a ter efeito neutro sobre a demanda agregada. O problema é que essa súbita reavaliação da provável evolução da política fiscal causou enorme estranheza. Não há analista independente que consiga vislumbrar evidências minimamente sólidas que possam dar respeitabilidade a tais previsões.

Muito pelo contrário. Tudo indica que a política fiscal permanecerá inequivocamente expansionista até o fim do atual governo. Mais uma vez, como em 2010, o ano eleitoral de 2014 deverá ser marcado por forte expansão de dispêndio público. Com um agravante importante. Dessa vez, o Tesouro não poderá contar com o espetacular desempenho da arrecadação que, em 2010, permitiu que a receita federal crescesse ao dobro da taxa de crescimento do PIB.

Churchill já sabia que a diferença entre o estadista e o populista é que este só pensa nas próximas eleições, enquanto aquele pensa nas próximas gerações. A presidente Dilma já avisou que pretende “fazer o diabo” para vencer em 2014. Esse, e somente esse, tem sido o objetivo da equipe do governo.

Importação de médicos estrangeiros, discurso ufanista e falacioso no dia Sete de Setembro, ata do Copom, está tudo contaminado pela ânsia de permanecer no poder. Weneck conclui:

A verdade é que campanha está em marcha. E a palavra de ordem em Brasília é acertar o passo, reprimir vozes destoantes e uniformizar o discurso. Tem sido dito que o marqueteiro da presidente Dilma é, de fato, o quadragésimo ministro da Esplanada. Mas, tendo em vista a proeminência que terá ao longo dos próximos doze meses, logo passará a ser visto como o primeiro ministro.

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