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A vacina deve ser tomada antes do início da vida sexual. | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
A vacina deve ser tomada antes do início da vida sexual.| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

Os números são animadores. Quase 80% das brasileiras fizeram o exame papanicolau, preventivo de câncer no colo do útero, nos últimos três anos. Mas a doença ainda mata muito no país. De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), é a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil. Em 2013, foram 5.430 óbitos.

Em Curitiba morrem, em média, 50 mulheres a cada ano devido ao câncer no colo do útero. “O número ainda é alto se considerarmos os índices dos países desenvolvidos. As mulheres que morrem devido à doença ou nunca fizeram o preventivo ou o fizeram o último exame há mais tempo que o recomendado”, diz a ginecologista Rosilei Maria Antonievicz.

A recomendação do Ministério da Saúde é que todas as mulheres entre 25 e 64 anos façam o exame preventivo, pelo menos, a cada três anos – isso se depois de dois anos seguido não for detectado qualquer tipo de lesão. Para alguns grupos, considerados de risco, o exame é solicitado com mais frequência – caso de mulheres que têm múltiplos parceiros, que têm baixa imunidade, são fumantes ou tiveram mais de três partos.

Cor-de-rosa por todas as Marias

A estufa do Jardim Botânico de Curitiba (foto) e outros prédios do país se iluminam de cor-de-rosa neste mês para aderir ao Outubro Rosa. Com o slogan “Para todas as Marias”, a campanha neste ano tem como tema a luta para que as pacientes com câncer de mama metastático tenham acesso aos tratamentos mais eficientes para cada tipo de tumor pelo SUS. Essa é a oitava edição do Outubro Rosa no Brasil. A campanha é promovida pela Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama).

Médica do Núcleo de Apoio à Saúde da Família de Curitiba, Rosilei explica que o preventivo é importante por detectar as lesões precursoras do câncer de colo. Sem relação com fatores genéticos, a doença é causada principalmente por tipos oncogênicos do papilomavírus humano, o HPV, e é transmitido na relação sexual.

Mas do contato com o vírus até o desenvolvimento do câncer em sua fase invasiva há um longo caminho – que dura em média dez anos. Está aí o ponto fraco da doença e justamente onde o papanicolau se torna tão importante. Prova disso é que, com a intensificação das campanhas para a realização do exame preventivo no país, o porcentual de casos detectados só na fase avançada caiu. Em 1990, a proporção era de 70%. Atualmente, está em torno de 56%, de acordo com dados do (Inca).

Se a lesão precursora do câncer for percebida logo no começo, a paciente tem chance quase que total de cura. Nesse caso, o tratamento é uma cirurgia pequena, que retira a parte lesionada. Na maioria dos casos, a mulher não chega a ter a sua capacidade reprodutiva alterada. Já o tratamento quando a doença é descoberta tardiamente envolve a retirada do corpo do útero, das trompas e dos dois ovários. “E torcer para não haver metástase”, diz Rosilei. Segundo ela, o câncer de colo pode se espalhar para órgãos próximos, como intestino e bexiga.

Vacina contra HPV não dispensa o exame

A vacina contra o HPV entrou no calendário de vacinação do país no ano passado. Voltada para jovens entre 9 e 13 anos, a vacinação desse grupo faz parte da estratégia do governo de prevenção ao câncer de colo do útero, mas não elimina a necessidade de exames preventivos no futuro.

Isso porque a vacina previne contra os dois principais subtipos oncogênicos do HPV, o que diminuiu em até 80% as chances de desenvolver as lesões que evoluem para o câncer de colo do útero. Mas para os 20% restantes, o exame preventivo continua a ser essencial.

Na semana passada, o Ministério da Saúde informou que pretende diminuir de três para dois o número de doses da vacina do HPV oferecida na rede pública a partir de 2016. Segundo a coordenadora do Programa Nacional de Imunizações, Carla Domingues, estudos científicos já demonstram que a vacina atinge a eficácia desejada apenas com duas doses.

“Estamos trabalhando para mudar esse esquema de vacinação para duas doses porque, além da questão da eficácia, podemos aumentar a adesão”, afirmou Carla, durante a Jornada Nacional de Imunizações, realizada em Curitiba.

Com Estadão Conteúdo
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