A Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (Sbed) recomendam, há mais de dez anos, a restrição do uso do Demerol, um dos medicamentos que o cantor Michael Jackson teria tomado pouco antes de morrer. "É uma droga que pode muito bem ser eliminada do arsenal terapêutico", afirma o médico anestesiologista Mário Luiz Giublin. Membro-fundador da Sbed e responsável pela Clínica de Dor do Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Paraná, ele chegou a sugerir à entidade o banimento da substância.
Semelhante à morfina, a meperidina princípio ativo do Demerol é um forte analgésico produzido em laboratório. No Brasil, seus nomes comerciais são Dolantina ou Petidina. Lançado neste ano, o livro Dor Princípios e Práticas, referendado pela Sbed e que reúne diversos profissionais ligados à dor, diz que a meperidina deve ser usada apenas em casos de dor aguda, de grande intensidade, por no máximo 24 horas e quando não houver outro medicamento disponível.
Giublin explica que a droga tem ação por apenas três horas e seu uso prolongado causa o acúmulo de uma substância que não faz analgesia, mas estimula o sistema nervoso central, podendo resultar em tremores, abalos musculares, agitação e convulsão. Além disso, a meperidina é vendida no Brasil apenas na versão injetável e pode causar dependência.
O medicamento
De venda controlada, a meperidina é um analgésico de uso quase exclusivamente hospitalar. Para comprá-la nas farmácias, é preciso um receituário especial, conforme a farmacêutica Fernanda Sales, responsável técnica pela Farmácia Universitária da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Seu modo de ação é como o de outros opioides: se liga a receptores no sistema nervoso central, bloqueando a passagem do impulso nervoso da dor de um neurônio para outro.
Entre os efeitos colaterais do Demerol estão a sedação, confusão mental, crises de convulsão e diminuição da capacidade de respirar. Coincidência ou não, Michael Jackson não estava respirando quando o socorro chegou à sua casa. O resultado da autópsia que revelará a causa da morte do cantor deve sair em agosto.
O advogado da família, Brian Oxman, confirmou o vício do popstar em medicamentos. Em 2005, Demerol e seringas foram encontrados na casa do músico. Em 2007, Jackson fez um acordo judicial com uma farmácia que o acusava de dever US$ 100 mil em remédios.
Conforme o site de celebridades TMZ, ele fazia uso do Demerol com tanta frequência que chegou a apelidá-lo de "saúde tônica". Em 1993, o músico compôs a música "Morphine", na qual descreve um paciente que toma o medicamento. Um dos fatores que leva ao vício é a busca de uma sensação de prazer. "Feche os olhos e flutue para longe", diz um dos versos de Jackson.
Relaxe, isso não irá machucá-lo
Antes que eu injete isso em você
Feche os seus olhos e conte até dez
Não há necessidade de se sentir desencorajado
Feche os olhos e flutue para longe
Demerol, Demerol
Oh, Deus, ele está tomando Demerol
Ele está se esforçando para tentar convencê-la
Para dar a ele uma dose maior
Hoje ele quer o dobro
Não chore, eu não vou magoar você
Ontem, você conquistou a confiança dele
Hoje ele está tomando o dobro
Demerol, Demerol
-
Green Deal Global, COP30 e biodiversidade: o que Macron e Lula acordaram sobre a Amazônia
-
Filho do traficante Marcinho VP vira rapper de sucesso idolatrando o tio Elias Maluco, assassino de Tim Lopes
-
Mauro Cid, a prisão e o sigilo
-
“Miami do Sul” tem praias naturais, ilhas exclusivas e terrenos de R$ 3 milhões
Deixe sua opinião