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Extremamente eficiente e adaptável. É esse o perfil do Aedes aegypti, que desde o fim de século 19 desafia as autoridades sanitárias brasileiras. Erradicado duas vezes do território brasileiro– em 1955 e 1973 – , ele voltou ao país no fim dos anos 1970. Desde então, se espalhou pelo Brasil e se adaptou tão bem que nem se fala mais em acabar com ele. Agora, a briga é para manter o principal vetor da dengue, da chikungunya e do zika vírus sob controle, evitando surtos das doenças.

Vacina do Butantan avança

A Anvisa liberou a fase três das pesquisas da vacina contra dengue do Instituto Butantan. Desenvolvida com os Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH ), a vacina tem o objetivo de proteger contra os quatro subtipos de vírus da dengue. O composto deverá ser aplicado em 17 mil voluntários, divididos em três faixas etárias: 2 a 6 anos; 7 a 17 anos e 18 a 59 anos. A ideia é que em paralelo à pesquisa comece a construção de uma fábrica para a produção do imunizante.

No Paraná

Cinco pessoas são monitoradas em Foz do Iguaçu, no Oeste, sob suspeita de terem o zika vírus. Os pacientes são acompanhados pela Divisão de Epidemiologia da Secretaria Municipal da Saúde. Dos cinco monitorados, dois são mulheres e três, crianças. Na quarta-feira (9), um caso autóctone de chikungunya também foi confirmado, em Mandaguari, no Norte. Em todo o estado, 63% das cidades já tiveram casos autóctones de dengue entre agosto de 2014 e julho de 2015.

Mas o número de contaminados por dengue e a forma como as novas doenças têm se espalhado pelo país mostram que temos perdido feio para o mosquito. De acordo com o último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, até agora temos 1,5 milhão de casos notificados de dengue em todo o país. A febre chickungunya – que chegou ao Brasil em 2014 – já tem casos autóctones (contraídos aqui) em nove estados e o zika vírus – que aterroriza por sua relação com a microcefalia –, em 18.

Conheça o ciclo de vida do mosquito

Uma das dificuldades para o controle do Aedes aegypti é a capacidade do inseto de se adaptar. Por exemplo, em geral, ele voa baixo e percorre distâncias curtas. Mas experimentos já mostraram que, se for preciso, o mosquito pode voar até 800 metros para encontrar comida ou um local para pôr os ovos.

O frio moderado também não espanta o bicho. Como está adaptado para ficar dentro de casa, ele sofre pouco com as baixas temperaturas de cidades como Curitiba, por exemplo. “Em países como a Noruega e a Dinamarca, obviamente, você não vai encontrar o mosquito. Mas em regiões que não são tão frias, eles vivem tranquilamente”, comenta a bióloga Denise Valle, pesquisadores Instituto Oswaldo Cruz e especialista em Aedes aegypti.

Desorganização

Ela explica que a forma como as cidades cresceram nas últimas décadas dificulta o combate do mosquito. “Não há saneamento adequado, falta uma boa coleta de lixo e o aporte de água em muitos locais é irregular, o que exige estocagem. Tudo isso, cria um ambiente muito propício para o mosquito se proliferar.”

O fator globalização também entra nessa conta. Praticamente todos os países da América do Sul têm a presença do Aedes aegypti, que se espalha também pelo México, Sul dos Estados Unidos, alguns países da África, Ásia e Europa. Com a intensa troca de mercadorias entre os continentes, fica praticamente impossível evitar que o mosquito entre no país.

Todas essas dificuldades justificam a insistência de autoridades de saúde e sanitárias para que, cada um, cuide de sua casa, jardim, quintal a cada sete dias – tempo que a larva demora para se transformar em mosquito.

“A dengue não é só uma questão de saúde. É uma questão de cidadania também. Talvez esse trauma que estamos vivendo agora, com os casos de microcefalia, sirva para termos uma mudança de hábito no país”, diz Denise.

Primeiro larvicida doméstico é produzido no Paraná

Não deixar o Aedes aegypti chegar à fase adulta é a principal recomendação no combate ao mosquito. Nesse sentido, a empresa paranaense Dexter Latina desenvolveu um larvicida para uso doméstico. O produto, que pode ser borrifado em superfícies secas, impede que a larva complete o ciclo e chegue a se transformar em mosquito.

Essa interrupção no ciclo é causada por uma substância chamada piriproxifen, que impede que o mosquito forme a quitina, essencial para a constituição do exoesqueleto do mosquito. Esse princípio ativo já é conhecido há alguns anos, a inovação é na mudança do formato, como explica o diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da empresa, Milton Braida.

Normalmente na forma granulada, o larvicida na versão doméstica é liquido e aplicado com um spray. Segundo Braida, uma borrifada é suficiente para manter 1 metro quadrado livre de larvas por até 60 dias. Finalizado em maio, o produto está chegando aos poucos aos supermercados. Também há um canal de venda on-line (http://straik.com.br/) . O vidro com 200 ml custa cerca de R$ 40.

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