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 | Thiago Costa
| Foto: Thiago Costa

Nesta quarta-feira, dia 12 de maio, o Caderno Saúde da Gazeta do Povo realizou um chat sobre gravidez. O ginecologista e obstetra Leo Francisco Leone, presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia, Regional Paraná, respondeus ás perguntas dos internautas. Veja abaixo como foi o bate-papo. Você também pode acessar o Blog do Minuto e conferir como foi a conversa.

Uso de anticoncepcional e retorno da fertilidade

Muitas leitoras tinham dúvidas quanto ao uso de pílulas e o retorno da fertilidade. A leitora Ana Paula Gomes da Silva pergunta quanto tempo demora para engravidar depois de ter parado de tomar o anticoncepcional. Vírgina Mazzucco indaga se o fato de tomar durante anos o anticoncepcional injetável pode dificultar a gravidez.

O Dr. Leo Francisco Leone respondeu que quando se toma anticoncepcional, o estímulo hormonal vai ser dado pelos comprimidos e não mais pelos hormônios do corpo. Todo o sangramento estará relacionado com o hormônio da pílula. Quanto ao retorno da fertilidade, varia de paciente para paciente. Pode ser que a mulher pare de tomar e já no primeiro mês volte a ser fértil, mas pode levar de seis a oito meses, o que é absolutamente normal. Até o oitavo mês, Dr. Leo Francisco Leone garante que não é preciso procurar um médico.

Ele também diz que não é necessária a pausa que muitas mulheres dão - chamado de "tempo para o corpo descansar da pílula" - se a mulher não quer engravidar.

Normalmente não existe nada de errado nesta demora, é só uma fase necessária para o ovário voltar a responder ao estímulo do hormônio produzido pela hipófise (FSH).

Quanto ao tipo de anticoncepcional, ele diz que não há diferenças entre injetáveis e orais, em relação ao retorno das menstruações.

Vacina de gripe durante a gestação

A internauta Adriana Bueno do Amaral perguntou: tenho 32 anos e um filho de 11 anos. Há um mês estava grávida de aproximadamente 15 dias, mas teve um aborto espontâneo. Gostaria de saber se o fato teve relação com a vacina da gripe H1N1 que tomei?

O Dr. Leo Francisco Leone respondeu que há a vacina específica para H1N1 e a para outros tipos de gripe. Segundo ele, a do vírus H1N1 não tem influência sobre a gestação, ou seja, pode ser aplicada sem problemas nas grávidas. Já a vacina contra outros tipos (chamada vacina sazonal), não deve ser aplicada na gestação, já que não há segurança quanto ao seu uso. Isso porque a da gripe H1N1 é feita a partir de vírus morto, enquanto a sazonal utiliza o vírus vivo atenuado.

Ele também alertou quanto às vacinas polivalentes (contra H1N1 e outros tipos), que devem ser evitadas.

Quanto ao aborto espontâneo, o Leone disse que ele é mais comum do que se imagina e que no caso de um abortamento isolado não há, inclusive, necessidade de investigação mais profunda, pois provavelmente se trata de uma seleção natural, alguma anomalia genética.

Mitos obstétricos

Alguns leitores perguntavam sobre o sexo do bebê e sobre sua relação com sintomas da mamãe.

O Dr. Leone listou alguns mitos:

- Se o bebê é menino ou menina isso não interfere na quantidade de enjoo ou tipos de alimentos que a mamãe tem desejo. O enjoo está relacionado ao estado emocional da mamãe e à quantidade de progesterona no organismo. Até a 12ª, 14ª semana a taxa de progesterona é muito alta, mas depois baixa e com isso os enjoos diminuem.

- Se a mamãe está com muita azia, o bebê provavelmente é cabeludo, diz a crendice popular. Mas o Dr. Leone diz que isso não é verdadeiro, é mais um mito obstétrico. "Pode até ser carequinha, inclusive."

- O formato da barriga (mais pontuda ou mais redonda) também não diz nada sobre o sexo do bebê.

Um tempo para o organismo

A internauta Flávia perguntou: qual o tempo necessário que uma mulher deve aguardar para uma nova gravidez após uma cesárea. A leitora Adriana Bueno do Amaral indaga sobre o tempo necessário entre um abortamento e nova gravidez.

O Dr. Leone respondeu que varia de caso para caso. É aconselhável aguardar seis meses para nova tentativa de gravidez após um aborto. Isso porque o útero demora mais ou menos este tempo para "involuir", voltar ao seu tamanho normal. Neste espaço de tempo também os ovários voltam ao seu estado normal, os hormônios da gravidez deixam espaço para os hormônios normais.

Após uma gravidez de sucesso, se o parto for normal, vale a mesma regra do abortamento, os seis meses, mas se a mamãe estiver amamentando, o hormônio da amamentação (prolactina) estará aumentado, o que pode bloquear a ovulação, dificultando nova gestação ou deixando a mamãe na dúvida se não está menstruando porque engravidou ou porque está amamentando.

No caso de cesárea, é prudente aguardar pelo menos um ano, em função da fragilidade criada no segmento do útero que foi aberto para a retirada do bebê.

Sensibilidade nos seios

Marlene Yuassa perguntou: estou com 16 semanas e sinta muita dor no bico do seio. Tem alguma coisa que eu possa fazer?

Na opinião do Dr. Leone (e ele deixa claro que é a sua opinião e não consenso entre os profissionais), não se devem fazer os "preparos" dos seios para a amamentação, com cremes, buchas, etc. Ele ressalta, inclusive, que a manipulação excessiva do bico do seio em períodos de gestação mais avançados pode causar contração na gestante, já que este estímulo leva à liberação de ocitocina.

Para dimunir a dor, ele aconselha medidas de suporte, como analgésico (paracetamol), uso de sutiã que não seja de lycra (para não irritar os mamilos). Ele recomenda paciência: isso faz parte da preparação das mamas. A sensibilidade pode até mudar de uma gravidez para outra.

Chá de espinheira santa é perigoso?

Uma leitora pergunta se o chá de espinheira santa atrapalha para engravidar ou é abortivo.

O Dr. Leone responde que não. Nem espinheira santa, nem canela têm poder abortivo, independentemente da temperatura em que são tomados.

Cuidado com as infecções!

A internauta Suzana Oliveira está na 29ª semana e diz que está com infecção urinária, mas não tem sintomas. Ela perguntou se é necessário tomar remédio (como sua médica receitou) e sobre os perigos da infecção.

Segundo o Dr. Leone, o quadro dela é de bacteriúria assintomática, ou seja, há presença de bactéria, mas não há sintomas. O quadro deve sim ser tratado, porque qualquer infecção (não só urinária) pode causar parto prematuro. Neste caso, em que a infecção é na bexiga (muito comum na gravidez), deve ser tratada porque também pode ascender e chegar aos rins, causando pielonefrite ou até até mesmo a sepse.

Ele recomenda exames períodicos para investigação.

Quanto ao uso da medicação existem antibióticos completamente seguros para serem usado durante a gestação, que não ultrapassam a placenta.

Medidas para evitar gripes

A internauta Karime perguntou como evitar gripes durante a gravidez e se o própolis é permitido.

Dr. Leone respondeu que as medidas a seguir são gerais, e não apenas para prevenir a gripe H1N1, e valem para todos e não somente para as gestantes:

- evite aglomerações, ambientes muito fechados;

- evite contato com pessoas doentes (ou aparentemente doente);

- lave as mãos constantemente;

- mantenha uma alimentação saudável;

Ele diz que as grávidas podem usar o própolis sem problema.

Finasterida e qualidade do espermatozóide

Um leitor disse que toma finasterida e sua mulher engravidou. Ele perguntou se tem algum problema.

Dr. Leone respondeu que a finasterida não interfere na espermatogênese, ou seja, não tem nenhuma relação com a quantidade ou qualidade dos espermatozóides.

Hipertensão prévia e gravidez

A internauta Solange disse que tinha hipertensão antes mesmo de engravidar e faz tratamento com metildopa. Ela perguntou sobre os riscos deste medicamento e sobre o uso de cálcio elementar, ácido fólico e AAS infantil.

Dr. Leone respondeu que como a Solange já tem um histórico de hipertensão prévia, ou seja, antes de engravidar, o tratamento deve ser feito, mas com drogas que não interfiram na gestação, como a que usa, a metildopa.

O cálcio elementar não tem interferência no tratamento de seu quadro de hipertenção, bem como o acido fólico, que é usado (principalmente até a 14ª semana) com o intuito de prevenir má-formação no tubo neural do bebê.

Quanto ao AAS infantil (100 mg), seu uso pode ser opcional, já que é hipertenção prévia e não específica da gravidez. Em pequena dosagem (100mg ao dia) não traz riscos ao bebê.

O que você achou do chat? Tem alguma sugestão de tema para os próximos bate-papos? Comente!

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