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Pesquisa

O perigo invisível da poluição atmosférica

Estudo mostra que a degradação do ar, além de gerar problemas respiratórios, também causa doenças cardiovasculares

Poluição atmosférica: legislação brasileira tolera níveis mais altos do que o aceitável pela OMS | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Poluição atmosférica: legislação brasileira tolera níveis mais altos do que o aceitável pela OMS (Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo)

Pesquisa produzida por cientistas norte-americanos e recém-divulgada deixou mais clara a relação entre a poluição atmosférica e problemas cardiovasculares. O estudo indica que a redução média de 3,9 microgramas por metro cúbico de material particulado no ar poderia prevenir até 8 mil internações anuais por acidentes cardiovasculares nos Estados Unidos. A Organização Mundial de Saúde considera que a exposição diária aceitável a esse poluidor, que tem como principal fonte a queima de combustíveis fósseis, é de até 10 microgramas por metro cúbico de ar.

"No caso dos idosos, quando se tem uma concentração maior de 10 microgramas por metro cúbico de ar, já se percebe um aumento de internações", observa o médico An­tônio Leite Radicci, que é coordenador do Núcleo Saúde e Ar da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ele explica que o material particulado é formado por partículas microscópicas, com tamanho inferior a 10 micrômetros (leia mais no quadro desta página). "Essa partículas vencem as barreiras respiratórias e vão atingir os alvéolos pulmonares. Isso tem uma associação também com o câncer de pulmão", diz Radicci.

Além do sistema respiratório, o sistema cardiovascular também é prejudicado por essas partículas. Estudos indicam que a exposição prolongada ao material particulado e ao dióxido de nitrogênio está associada a acidentes cardiovasculares e disfunções cardíacas. Juntas, as substâncias podem causar um aumento da pressão sanguínea e arritmias e, como consequência, mortes prematuras.

Dados da OMS indicam que até 3,3 milhões de pessoas morrem em todo o mundo devido a doenças relacionadas aos diversos poluentes do ar. No Brasil, estima-­se que essa situação provocou a morte de 99 mil pessoas entre 2006 e 2011, apenas na Região Metropolitana de São Paulo.

Além das vidas perdidas, as doenças associadas a uma atmos­fera poluída também causam prejuízos aos cofres públicos. Pesquisa coordenada pelos médicos Paulo Saldiva e Evangelina Vormittag e divulgada no mês passado, a respeito dos impactos da poluição no estado de São Paulo, mostrou que em 2011 foram gastos R$ 31 milhões com internações devido a doenças relacionadas à poluição na capital paulista.

Além de mostrar o custo dessas doenças, o estudo também apontou outra realidade: a pouca preocupação das autoridades para a medição e a manutenção de padrões de qualidade do ar em níveis considerados aceitáveis para a saúde do homem. No caso do material particulado grosso – aqueles de até 10 micrometros –, a organização mundial prevê uma concentração diária de até 50 microgramas por metro cúbico de ar, enquanto a legislação brasileira aceita um nível de até 120 microgramas.

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