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O hospital nos dias de hoje: restauração iniciada em 2005 vai recuperar detalhes  da arquitetura original | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
O hospital nos dias de hoje: restauração iniciada em 2005 vai recuperar detalhes da arquitetura original| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Obra busca resgatar grandiosidade

Em termos de grandiosidade, o Hospital de Caridade pode ser considerado uma das grandes obras construídas em Curitiba no final do século 19. Sua fachada se manteve praticamente intacta até hoje, mas a parte interna recebeu muitas reformas para se adaptar às tecnologias e à dinâmica do próprio hospital que foi crescendo.

Desde 2005, o hospital começou a ser restaurado – a primeira medida foi retirar as árvores do jardim (que não faziam parte do projeto original) e estavam escondendo a beleza arquitetônica do imóvel. Depois, a edificação recebeu um tratamento no telhado que estava bastante deteriorado. A mudança mais esperada, entretanto, é ver a parte histórica totalmente recuperada para se transformar em museu.

Leia a matéria completa

  • A fachada original do Hospital de Caridade é Unidade Especial de Interesse de preservação de Curitiba
  • Os móveis da farmácia do hospital farão parte do museu da Santa Casa
  • Equipe médica do Hospital durante a primeira metade do século 20

O primeiro hospital de Curitiba funcionou em uma casa com dois quartos, na Rua Treze de Maio, e foi criado para prevenir uma epidemia da cólera. Por volta de 1855, estados como Pará, Ceará, Pernambuco e Bahia enfrentaram diversas mortes por causa da epidemia: a notícia correu o Bra­sil, e no Paraná a ideia foi criar um hospital que pudesse atender a população curitibana, caso a cólera chegasse à região. O único hospital mais próximo que existia, na época, era a Santa Casa de Paranaguá.

A epidemia não chegou ao estado, mas o hospital prosperou mesmo assim. Era comandado pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Curitiba – a entidade foi criada três anos antes do hospital. Na pequena casa de dois quartos trabalhava um único médico, José Cândido da Silva Murici (o nome correto seria grafado com "i" e não com "y" como o fazem atualmente). Murici dirigia o hospital e atendia os pacientes. Ali uma pequena farmácia foi criada pelo farmacêutico Augusto Stellfeld.

Foi Murici quem lutou para manter o hospital e conseguiu, em 1868, um terreno maior que possibilitaria ampliar as instalações: ficava na Rua da Mi­­seri­córdia, atual André de Barros, esquina com Alferes Poli. Na frente havia um grande banhado que só anos mais tarde passaria a ser a atual Praça Rui Barbosa.

O médico começou a angariar dinheiro para realizar o sonho de ver o novo hospital pronto. "Não foi fácil. A cada ano mudava o presidente da província do estado (nem a República havia sido declarada) e Murici ia lá pedir dinheiro. A construção demorou 12 anos para ficar pronta. Ele morreu um ano antes da inauguração", explica o cirurgião-clínico Carlos Ravazzani, que estudou a história do hospital.

O Hospital de Caridade (no endereço atual) foi inaugurado em 1880, com 20 leitos, e completa 130 anos em 22 de maio deste ano. O imperador dom Pedro II marcou presença na cerimônia de inauguração porque estava de passagem pelo município – ele veio para conhecer a estrada de ferro que ligava Paranaguá a Curitiba. "D. Pedro falou que o hospital estava bem localizado", conta Ravazzani.

Em 1914, o hospital passou a receber os alunos de Medicina da Universidade do Paraná (atual UFPR) e, em 1953, com a saída dos residentes da UFPR para o Hospital de Clínicas, a Santa Casa ganhou uma nova parceria universitária: os graduandos da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) – esses últimos trabalham no local até hoje. O atual provedor da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia, Frederico Unterberger, afirma que o aniversário de inauguração é mais um momento para se lembrar que o hospital é a memória da Medicina para Curitiba. "É para nós não esquecermos que o que somos hoje é resultado do somatório do trabalho de muita gente. Passaram pelo hospital 40 provedores antes de mim", diz.

André de Barros, que deu nome à atual rua do hospital, foi um dos provedores da irmandade e quando morreu, em 1922, doou toda a sua fortuna para a Santa Casa.

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