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O público estimado para a manifestação da Marcha das Vadias é de 600 pessoas. | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
O público estimado para a manifestação da Marcha das Vadias é de 600 pessoas.| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

Curitiba recebeu neste sábado (4) mais uma edição da Marcha das Vadias. Com o tema “A Marcha das Vadias Sabotando o Estado”, a quinta edição protesta contra o governo e as decisões do Congresso, pedindo o fim da invisibilidade dos crimes contra as mulheres e também o alerta de que as vítimas não são culpadas pelas ações criminosas contra elas.

O frio da capital não impediu que muitas manifestantes ficassem seminuas, uma das marcas do movimento, com frases feministas pintados no corpo. Com concentração na Praça 19 de Dezembro, também conhecida como a praça do homem e da mulher nus, iniciaram a caminhada por volta das 12h30 em direção à Boca Maldita. Entre os participantes estavam homens, mulheres e crianças, num total aproximado de 300 pessoas, segundo estimativa da Guarda Municipal.

“Estamos protestando contra o congresso conservador que quer que as mulheres voltem para casa, isso é um impedimento da conquista de direitos e nós vamos resistir”, diz Jussara Melo, uma das organizadoras do evento.

Ainda na concentração, os manifestantes pintaram as unhas e bocas das estatuas da praça, além de caracterizar a Mulher Nua com a bandeira do movimento. Geralmente, o grupo utiliza tinta removível para essas intervenções.

Com um carro de som, faixas e bandeiras, o primeiro ato do grupo lembrou a data de 29 de abril, dia chave da greve dos professores no estado. Durante o trajeto, foram realizados outros atos, em defesa dos transexuais, das mulheres negras, lembrando o caso de preconceito sofrido pela jornalista Maria Júlia Coutinho, a Maju, do Jornal Nacional, e um útlimo protesto, por volta das 13h30, contra a criminalização do aborto e em defesa do cuidado compartilhado dos filhos. “Ser vadia não é só falar sobre a questão da mulher, é incomodar o estado”, diz Jussara.

Grávida de nove meses, Isabelle Lemes, que pela segunda vez participa da marcha, fez questão de protestar. “Quando eu pensava que ia ter uma menina, só ganhava roupinhas cor-de-rosa, com babados, batons e coroas. Descobri que é menino e só vieram estampas de carros e caminhões. As pessoas ditam quem as crianças devem ser antes mesmo que nasçam”, diz.

Discussão

Enquanto um pastor lia passagens da Bíblia acompanhando o ato, manifestantes paravam ao seu lado com cartazes feministas e a bandeira do movimento gay, proferindo provocações. O contraste de ideologias acabou virando discussão, na qual as feministas questionavam a fala do pastor, que respondia com falas de sua doutrina. Manifestantes e pessoas que passavam pelo local se aglomeravam ao redor do grupo, apoiando um dos lados, até que a líder da marcha dispersou a discussão.

Como surgiu a marcha

A Marcha das Vadias começou em 2011, em Toronto, no Canadá, em protesto a afirmação de um policial durante uma palestra que se as mulheres quisessem evitar um estupro elas não deveriam se vestir como vadias. A manifestação já foi realizada em diversos países e no Brasil passou pelas capitais Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), São Paulo, Rio de Janeiro e Recife (PE), entre outras.

Comemorando os cinco anos da marcha, as feministas falaram sobre a reação das pessoas, principalmente ao nome do movimento e à nudez. “A resposta é negativa até que as pessoas procuram saber o que a marcha defende, e passam a apoiar, não tem como negar as situações que as mulheres passam”, conclui a organizadora do movimento em Curitiba.

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