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Na feira do conhecimento, alunos falaram para família e comunidade sobre combate ao preconceito. | Massao Hishida
Na feira do conhecimento, alunos falaram para família e comunidade sobre combate ao preconceito.| Foto: Massao Hishida

Certo dia, Carlinda Terezinha Campelo da Silva, que já tinha percebido a quietude de um aluno de 4.º ano, resolveu investigar o caso. O estudante não hesitou e revelou que era vítima de racismo: “Sofro preconceito na aula de educação física. No futebol, me ofendem, xingam.” Carlinda leciona na Escola Municipal Ulisses Guimarães, em Campina Grande do Sul.

Identificando o problema, encontrou na disciplina de Ensino Religioso uma oportunidade para lidar com situação tão delicada. “Trabalhamos valores como respeito à diversidade e amor ao próximo. Depois do início das atividades, recebi por escrito outro desabafo em relação às questões de cor da pele. O aluno indagava sua própria existência. Ali soube que deveria levar o projeto adiante. Ele foi minha motivação para continuar”, conta.

Preconceitos

Depois de discutir racismo, a professora Carlinda aproveitou a ocasião para estender o debate ao preconceito socioeconômico, étnico e sexual, entre outros. Os alunos ainda vasculharam documentos e charges e fizeram uma extensa pesquisa sobre uso consciente da internet e os direitos humanos.

Carlinda, que participa do projeto Ler e Pensar por meio do patrocínio do HSBC à escola, continua: “Decidi trabalhar com textos jornalísticos que, a princípio, não são estereotipados e trazem um olhar diferenciado sobre questões sociais diversas. O jornal complementa os conteúdos curriculares e também traz à discussão assuntos relevantes para o convívio social”.

Estudar a mídia

Repercussões de casos recentes de racismo como o sofrido pela jornalista Maria Júlia Coutinho, da Rede Globo – bem como outros temas polêmicos difundidos em novelas, redes sociais e na mídia em geral – foram alvo dos estudos. Então, partiram à ação: fabricaram cartazes e folders para uma campanha antirracismo, elaboraram uma carta ao município solicitando atenção pública para o assunto nas escolas e criaram o símbolo de ativismo “Saia da sombra”, estampado em diversos materiais. Esse conteúdo foi exposto na feira do conhecimento da instituição, com a presença de famílias e comunidade.

“Um dos objetivos do trabalho foi dar visibilidade ao tema, e acredito que foi alcançado. Os alunos se mostraram empolgados nas explicações e sentiram-se agentes de transformação na medida em que puderam compartilhar o conhecimento adquirido com os demais. Também percebi o quanto eles haviam desenvolvido a capacidade argumentativa, principalmente os que sofriam injúrias. Estou muito satisfeita. Sinceramente, sem o jornal, eu não sou mais professora”, brinca.

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