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Um dos caminhos para assegurar a continuidade da mata com araucária é torná-la produtiva sem a necessidade de alterá-la, apenas com o manejo sustentável e extrativista. A forma mais simples e direta seria agregar valor ao pinhão colhido em áreas protegidas, mas ainda assim são necessários vários cuidados para que a colheita não seja responsável pelo fim da renovação das araucárias. Guilherme Karam, coordenador de estratégias de conservação da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. Ele comenta que ao menos 20% da produção de pinhões precisa ser deixada no local, para brotar no próprio local ou ser dispersa por animais. Há ainda outras precauções, como evitar a aproximação do gado, que pisoteia as plantas novas.

Por meio do projeto Araucária+, a fundação está dando suporte técnico para os proprietários rurais e intermediando a venda da produção. Como parte do que é arrecadado com a comercialização vai para um fundo, uma das metas é, num futuro breve, começar a fazer pagamentos por serviços ambientais (PSA) – ou seja, dar um bônus aos donos de terras que mantiverem intocada a vegetação nativa.

Outra frente do Araucária+ se concentra na exploração adequada da erva-mate, espécie nativa que se desenvolve melhor ao ser sombreada pelos pinheiros. Nessas condições, os ervais produzem folhas maiores e com gosto mais suave para o chá ou chimarrão. Em meio à mata conservada, a suscetibilidade a doenças e pragas é menor. Três propriedades rurais em Santa Catarina já aderiram ao projeto. Uma empresa norte-americana comprou, no final do ano passado, as primeiras 20 toneladas de erva-mate produzidas.

Para Karam, a floresta com araucária hoje quase não tem valor econômico, contribuindo para o desmatamento. “Só vamos mudar isso convencendo o proprietário que ele deve manter e até aumentar a área”, diz. Pesquisadores do projeto também perceberam a dificuldade de renovação da araucária na natureza. Muitas vezes os novos indivíduos se concentravam apenas nas bordas dos capões de mato. Apesar disso, Karam é otimista. Acredita que a floresta com araucária e também a espécie não estão condenadas à extinção. “Mas para se manterem são necessárias estratégias de recuperação. Medidas efetivas que promovam a conservação”, diz. Ele acrescenta que nos últimos anos não houve nenhuma grande conquista que tenha representado uma mudança de tendência que aponta para a extinção. (KB)

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