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Uso de repelentes continua como a grande arma do ciclo primavera-verão, quando o mosquito se reproduz mais rápido | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Uso de repelentes continua como a grande arma do ciclo primavera-verão, quando o mosquito se reproduz mais rápido| Foto:

A confirmação do primeiro caso de zika no Brasil já completou um ano, mas a doença ainda desafia autoridades de saúde. Transmitida pelo Aedes, também vetor da dengue e chikungunya, a zika tem preocupado principalmente grávidas - em decorrência dos casos de microcefalia relatados Brasil afora. Ainda sem vacina para ofertar em massa, as instituições buscam o desenvolvimento de pelo menos um teste que melhore as condições de diagnóstico da doença entre as gestantes. Enquanto isso não ocorre, os focos do Aedes seguem aumentando: somente em Curitiba, de janeiro a setembro deste ano, foram contabilizados pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) 368 focos do mosquito.

De acordo com a médica infectopediatra da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), Marion Burger, o Paraná vem atuando em frentes diversificadas para a evitar o zika, sendo uma delas por meio laboratorial. “Isso é importante para obtermos um diagnóstico eficaz da doença, para conseguirmos um exame que mostre se a pessoa já teve zika em algum momento”, explica a médica.

Calor ‘alimenta’ velocidade de reprodução do Aedes

Na época do calor - primavera e verão - o ciclo reprodutivo do Aedes dica mais rápido e ele se multiplica com maior velocidade. Por isso, os casos de dengue aumentam nestas épocas do ano, segundo a Fiocruz.

Hoje, o exame disponível para detectar zika só revela se o paciente está com a infecção. Além de desenvolver um kit para testes com diagnóstico mais eficiente, será necessário torná-lo acessível à população.

No estado, os trabalhos para avançar na área de sorologia estão sendo partilhados entre o Laboratório Central do Estado (Lacen) e o Instituto Carlos Chagas/Fiocruz. As pesquisas em relação à vacina seguem a cargo do Instituto Evandro Chagas, no Pará, em parceria com o Ministério da Saúde, e a Universidade de São Paulo.

Paralelo a isso, há a pesquisa clínica, que busca fazer um acompanhamento dos casos de zika em gestantes e ações para combater o vetor, gerenciadas no estado pelos municípios. Isso inclui a contratação de agentes de combate, instituições para analisar as amostras coletadas com mosquitos, além da compra de inseticidas para realizar o chamado fumacê em áreas de grande infestação do Aedes, elenca Marion.

“Ainda precisamos conhecer melhor o comportamento do agente infeccioso da zika na população para então podermos usar uma medicação. Até que isso possa chegar às gestantes, é preciso passar por vários testes, para não correr o risco de fazer mal a elas”, pondera a infectopediatra. O mesmo, pontua, ocorre em relação ao imunizante contra o vírus.

A chefe do Laboratório de Virologia Molecular da Fiocruz Paraná, Cláudia Nunes Duarte dos Santos, assinala que outro desafio em relação aos testes do zika vírus é discriminar qual doença atingiu o paciente – zika ou dengue. Embora ambas tenham como vetor o mesmo mosquito, zika e dengue apresentam desfechos clínicos diferentes.

“Desenvolver testes em um ambiente onde só há zika é algo, mas produzir isso em um ambiente com chikungunya e dengue é diferente”, observa Cláudia, ao salientar que o desconhecimento sobre o comportamento do vírus da zika ainda atinge a comunidade científica a nível mundial. Um exemplo disso é o fato da contaminação não ocorrer apenas pela picada do Aedes, mas também pelo sexo.

“Não há dimensão ainda. A comunidade científica brasileira tem contribuído muito. Tivemos uma situação de emergência nunca antes vista, talvez a mais parecida tenha sido a época da varíola, com Osvaldo Cruz”, diz Cláudia.

Pesquisas sobre o zika vírus seguem ininterruptas no Laboratório de Virologia Molecular da Fiocruz Paraná. Na foto, Cláudia Nunes Duarte dos SantosDivulgação

Gestantes

Apesar de ainda não haver comprovação definitiva entre o vírus da zika e a microcefalia, a melhor orientação para as grávidas ainda é manter a prevenção contra o Aedes, aponta a Sesa. Desde o ano passado, 38 mulheres grávidas e infectadas com zika vêm sendo acompanhadas pela secretaria. Vinte seis delas tiveram bebês saudáveis e outras duas sofreram aborto na fase aguda da infecção. As outras dez grávidas seguem com boa evolução da gestação.

“A gestante, mais do que nunca, deve fazer a procura ativa em sua região de focos do mosquito. É preciso eliminá-los ou pedir que a saúde pública faça a remoção”, orienta a infecto pediatra Marion Burger, da Sesa.

Além da vistoria doméstica, é importante, completa a médica, manter o uso de repelentes e dar preferência para o uso de roupas longas e claras. Evitar usar perfumes e instalar telas nas janelas também pode ajudar.

Entre os sintomas da zika estão olhos vermelhos, febre, mal-estar e dor no corpo. Em caso de suspeita, a recomendação é procurar uma unidade de saúde ou consultório médico o mais rápido possível.

Imunização contra dengue segue abaixo da meta

A menos de uma semana para o fim da campanha de vacinação contra a dengue, outra doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, apenas 31,8% do público-alvo da iniciativa foi imunizado no Paraná. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), o percentual representa um total de 159 mil pessoas vacinadas. A meta é atingir 80% do público-alvo até o próximo sábado (24), o equivalente a 500 mil pessoas.

As doses estão disponíveis em 30 municípios que concentraram 80% dos casos de dengue no estado, 93% dos casos graves e 82% das mortes pela doença no Paraná.

Em Paranaguá e Assaí, moradores com idade entre 9 e 44 anos podem ser vacinados. Já nas outras 28 cidades, que incluem Foz do Iguaçu, Maringá e Londrina, a vacinação abrange moradores com faixa etária entre 15 e 27 anos.

De acordo com a Sesa, atividades especiais devem ocorrer ao longo da semana para tentar ampliar a cobertura. (A.L.)

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