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A dona de casa Andrea Caetano, moradora do bairro São Miguel, lava as roupas da filha Maria Clara três vezes por semana | Marcelo Andrade / Gazeta do Povo
A dona de casa Andrea Caetano, moradora do bairro São Miguel, lava as roupas da filha Maria Clara três vezes por semana| Foto: Marcelo Andrade / Gazeta do Povo

Pouco gasto, mesmo sem sacrifícios

Gastar água dentro de limites aceitáveis não significa necessariamente uma vida cheia de restrições. O exemplo vem da dona de casa Andréia Caetano, de 29 anos, moradora do São Miguel – bairro curitibano que registra o menor consumo de água: 81 litros por habitante ao dia. "Eu não economizo, não", confessa. Mesmo assim, ela não chega a usar os 10 metros cúbicos por mês da tarifa básica da Sanepar. Não vai muita água para limpar a casa de poucos cômodos em que mora com o marido e os dois filhos.

A máquina de lavar roupa é, pelas suspeitas de Andreia, a fonte mais gastadora. A lavadora é usada três vezes por semana, principalmente para as roupas de Maria Clara, de nove meses. Andréia admite que não costuma aproveitar a água da máquina. "Não acredito que vai faltar água no mundo. É tudo teoria da conspiração. Tem um monte de vídeos no Youtube que mostra isso", afirma. Quando questionada sobre a situação de escassez hídrica em São Paulo, ela emenda: "Mas lá é outra coisa. Teve problema com o governo."

Tarifa social

Gastos de 10 metros cúbicos por mês para famílias com até quatro pessoas, em residências de até 70 metros quadrados e com renda de até meio salário mínimo mensal por pessoa custam R$ 6,60 pela água ou R$ 9,90 se houver também coleta de esgoto. Caso a família tenha mais de quatro pessoas, o gasto da residência pode gastar mais 2,5 metros cúbicos mensais a cada integrante incluído.

Tarifa mínima

Gastos de 10 metros cúbicos por mês para famílias sem limitadores de renda custam R$ 25,14 pela água e um total de R$ 45,25 se houver também coleta de esgoto. Em Curitiba, o valor com coleta de esgoto é de R$ 46,51. Na capital, o valor é maior porque o contrato prevê a proporção do custo do esgoto em 85% em relação à água, enquanto que nas demais cidades é 80%.

Faça a diferença

Algumas dicas básicas contribuem para que o gasto de água seja menor:

• Use a vassoura : Antes de lavar a calçada, use vassoura. Jamais use a água da mangueira para "varrer"a sujeira.

• Não aperte: Diminua as descargas. Regule periodicamente a válvula hidra ou a caixa de descarga.

• Feche a torneira: Ao lavar as mãos ou a louça, não deixe a torneira aberta todo o tempo. Isso evitará que vários litros de água tratada sejam desperdiçados.

• Hora do banho: Seja rápido no banho. Cada 5 minutos embaixo do chuveiro ligado consomem aproximadamente 70 litros de água.

• Basta um copo: Para escovar os dentes é necessário apenas um copo de água. Evite deixar a torneira aberta.

• Lavando roupa: Junte roupas para lavar todas de uma só vez. Aproveite a água usada no tanque ou na máquina para lavar calçadas.

• Tá Pingando: Os maiores ladrões de água são vazamentos, torneira pingando e descarga desregulada. Faça manutenção regularmente.

• Carro limpo: Use baldes, e não a mangueira, para lavar o carro. Seu automóvel fica limpo e a economia pode chegar a 300 litros de água.

• Fazendo a barba: Não faça a barba com a torneira aberta o tempo todo. Use a água somente para molhar e enxaguar o rosto.

• Tá na mão: Lavar as mãos com a torneira aberta o tempo todo causa um grande desperdício. Ao ensaboar as mãos, deixe a torneira fechada.

Fonte: Sanepar.

O Batel é o bairro curitibano com maior consumo de água por morador. São 290 litros diários por pessoa, média semelhante à registrada em países europeus. Na sequência no ranking estão Mossunguê, Hugo Lange, Cabral e Bigorrilho. Os dados são de um levantamento feito pela Sanepar a pedido da Gazeta do Povo. Na conta, em todos os bairros da capital o volume de água gasto diariamente por morador está acima do mínimo de 80 litros recomendado pela Organização Mundial de Saúde.

INFOGRÁFICO: Quanto mais periféricos são os bairros, menor o consumo de água, confira

O levantamento considerou apenas as unidades residenciais. Áreas com muito comércio, escola, hospitais ou indústrias poderiam distorcer o cálculo do volume gasto por pessoa. Os dados são de setembro. O gerente comercial comentou que, em meses mais frios, a média paranaense chega a 120 litros por pessoa ao dia e vai a 180 nos períodos mais quentes.

Quanto mais afastado o bairro é do centro da cidade, menor o consumo. Gerente comercial da Sanepar, Luiz Carlos Braz de Jesus percebe a relação direta entre consumo de água e poder aquisitivo das famílias. Contudo, a diferença na faixa de renda é proporcionalmente maior. Na comparação entre extremos, a renda média per capita no Batel é sete vezes maior do que a do São Miguel, já o consumo de água é "apenas" três vezes maior em relação ao bairro com menor gasto por pessoa.

Fatores

Uma casa maior acaba exigindo gastos consideráveis na limpeza. Mais ainda se tiver jardim. A presença de muitos eletrodomésticos, como lavadoras de roupa e louça, pode representar o uso de mais metros cúbicos de água. "Alguns equipamentos até são econômicos, mas depende de como são usados. Se a máquina de lavar for usada sempre com todos os ciclos possíveis, com vários enxagues por exemplo, vai gastar bastante", diz.

Entre os fatores que impulsionam o consumo estão chuveiros aquecidos pelo sistema a gás, banheiras e piscinas. Condomínios que não têm cobrança individualizada também registram gastos maiores. "Se não há a percepção de quanto cada apartamento ou casa gasta, costuma haver desperdício. Mesmo sem equipamento individualizado, uma metodologia de rateio por habitantes já ajuda", diz. A legislação determina hidrômetros por unidade habitacional em condomínios recentes, mas não obriga a instalação em antigos.

Fatura básica desestimula a economia?

A política de estabelecer uma tarifa mínima – para consumo de até 10 metros cúbicos por mês – costuma gerar controversa. Se os moradores gastam menos do que isso, não ganham benefício algum que incentive a usar menos água. Gerente comercial da Sanepar, Luiz Carlos Braz de Jesus explica que a tarifa mínima foi calculada para garantir que uma família de quatro pessoas possa consumir, cada um, 80 litros de água diariamente.

Para o gerente, a tarifa mínima já funciona como um limitador de consumo. O valor serviria para cobrir os custos fixos, como o pagamento de pessoal e a instalação da infraestrutura da rede. "Precisamos fornecer o produto 24 horas por dia. Não posso ter uma estação que funcione só quando o cliente precisa, mas sim o tempo todo", comenta.

Poder aquisitivo alto não é sinônimo de gastança

O aumento na qualidade de vida – principalmente nos países chamados emergentes – acabou tornando mais acessível vários tipos de produtos. Imagine se todos os chineses começassem a consumir nos mesmos padrões dos norte-americanos? A China tem um em cada seis habitantes do mundo. Entre as entidades que buscam o consumo consciente está o Instituto Akatu, principalmente com ações que visam sensibilizar as pessoas sobre a impossibilidade de continuar adotando práticas impactantes para o planeta.

Para Dalberto Adulis, consultor de conteúdo do Instituto Akatu, não há motivo algum para o consumo de água estar necessariamente relacionado ao poder aquisitivo. Muito pelo contrário. Pessoas com mais renda têm condições, por exemplo, de fazer adaptações nas casas para reutilizar a água. Além disso, quem viaja mais pode conhecer realidades de países com escassez de água e perceber que é uma realidade a ser evitada no Brasil. O Akatu lançou a campanha #águapedeágua, com o slogan "Sem água somos todos miseráveis", para tentar "desautomatizar" o consumo de água, mostrando que é possível viver bem sem gastar muito.

15 bairros podem ficar sem água no sábado

Uma interrupção programada de energia elétrica poderá afetar o abastecimento de água em 15 bairros de Curitiba no sábado . A manutenção do sistema elétrico do reservatório do Portão deve afetar a distribuição. Os serviços começarão às 9 horas e o abastecimento deve ser normalizado até a noite de sábado. Os bairros que podem ser afetados pelo desabastecimento temporário são: Água Verde, Capão Raso, Fanny, Portão, Fazendinha, Guaíra, Lindoia, Vila Izabel, Santa Quitéria, Novo Mundo, Pinheirinho, Seminário, Xaxim, Cidade Industrial e Boqueirão.

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