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| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Apesar das investigações que apuram o “recall” em coletes balísticos das forças de segurança do Paraná e das dúvidas quanto à eficácia do procedimento, a Polícia Militar (PM) continua a encaminhar o equipamento de segurança para o recondicionamento. A determinação consta de uma nota publicada na intranet da PM, estabelecendo etapas para que os coletes sejam enviados à “revisão”. O documento foi tornado publico pela Associação dos Praças do Paraná (Apra-PR), com o objetivo de divulgar a decisão às companhias do interior.

A nota foi emitida na segunda-feira (3), pelo diretor de Apoio Logístico da PM, tenente-coronel João de Paula Carneiro Filho. Apontando a “necessidade de revisão dos coletes fabricados pela empresa Inbra”, o oficial solicita aos responsáveis pelos Comandos Regionais da PM e da Organização da corporação (OPM) que entreguem até o próximo dia 10 todos os coletes que têm data de fabricação entre 2011 e 2013, para que esses sejam destinados ao recondicionamento.

Nota orienta procedimentos de recolhimento dos coletes para “revisão”

Reprodução

O coronel destaca que devem ser encaminhados para o procedimento apenas os coletes não vencidos - que estejam “dentro da vigência da garantia”. De acordo com a nota, esse será o 11.º ciclo de revisão no equipamento. Ou seja, outros dez lotes de coletes da PM já foram recondicionados.

A Gazeta do Povo perguntou à PM onde o processo de “revisão” dos coletes está sendo feito, quem autorizou a realização do procedimento e se o Exército Brasileiro – que regulamenta equipamentos de uso controlado – foi informado.

Por meio de nota, a corporação respondeu que a nota do coronel não fala em “recondicionamento”, mas em “revisão”. A PM afirma que esse procedimento é “periodicamente necessário e natural” e que, “como há um processo para a aquisição de novos coletes a revisão precisa ser feita, por exemplo, para verificar validades”.

Responsável pela investigação que apura o recondicionamento dos coletes, o delegado Vinícius Borges Martins, da Delegacia de Explosivos, Armas e Munições (Deam), juntou a nota da PM ao inquérito. “Na minha avaliação preliminar, a PM continua agindo fora da lei. Queremos saber onde esta ‘revisão’ está sendo feita e que em condições. Vamos investigar isso”, garantiu.

Investigação

Segundo as investigações, mais de 7,4 mil coletes já passaram pelo “recall” e foram devolvidos aos policias militares, que estão equipados com o material recondicionado. No total, 11,2 mil unidades do item de proteção passariam pelo procedimento.

Um lote de 540 coletes foi apreendido pela Deam e pelo Exército no instante em que passava pelo “recall”, em um galpão de uma empresa localizada na Região Metropolitana de Curitiba. Um exame balístico realizado em amostras do material reprovou os coletes que, em alguns casos, chegaram a ser perfurados. O inquérito contém ainda um teste balístico realizado em julho do ano passado, com acompanhamento da PM, em que o equipamento também foi reprovado e atravessado pelos disparos.

Na prática, cada colete recondicionado recebia uma manta extra de aramida - material sintético usado neste tipo de equipamento. As incertezas quanto à real proteção do item de segurança tem preocupado policiais militares. “Trata-se de um item básico de segurança. A nossa posição enquanto entidade é de defender que os policiais tenham coletes novos, dentro do prazo de validade”, destacou o presidente da Apra-PR, Orélio Fontana Neto.

Deputados chegaram a cogitar a convocação da cúpula da segurança pública para uma audiência pública no âmbito da comissão da área na Assembleia Legislativa. Os parlamentares, no entanto, recuaram e decidiram ouvir o secretário de segurança por meio de ofícios.

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