Atividade física contribui para autonomia na terceira idade

O tempo congelou para Mercedes

O tempo parece ter congelado para Mercedes Hauer. Aos 84 anos e meio, como costuma falar, a costureira se orgulha do jardim todo arrumadinho, com fontes e, inclusive, um pé de bananeira, que embeleza sua residência. O segredo para manter-se plenamente ativa e alegre, segundo ela, é cuidar da mente, do físico e do espírito.

“Temos que procurar ambientes com pessoas de bom astral, evitando energia negativa”, afirma. Para isso, além de praticar pilates duas vezes por semana há quase dois anos, Mercedes frequenta um grupo de jardinagem uma vez por semana.

No encontro, são realizadas palestras, viagens e confraternizações. “Não gosto de ficar isolada em casa. Na terceira idade, a pessoa tem que procurar ter contatos com outras pessoas”, afirma a aposentada, que fez natação durante boa parte da vida adulta.

Mercedes, que montou uma empresa de confecção aos 50 anos – depois que se divorciou e a vendeu há cerca de 20 anos –, ainda faz costuras, adora cuidar do jardim e de cozinhar. De vez em quando, pega o carro e dirige até um restaurante para se encontrar com as amigas. Além disso, pelo menos uma vez por ano faz viagens para conhecer outros países ou estados do Brasil. “Viajar abre a mente. Deixa a gente de cabeça aberta”.

Morando sozinha durante duas décadas, ela acessa diariamente a internet, confere a caixa de e-mails e o perfil do Facebook. “Mas o que eu adoro mesmo é falar pelo Skype com meus filhos que moram fora”, conta. Além disso, ela está lendo o quinto volume da série Guerra dos Tronos. Detalhe: em inglês. “É uma forma de eu treinar o idioma”, diz.

Mercedes diz que os 24 horas do dia são curtos para ela. “Adoro fazer um monte de coisa em casa. Faço tudo sozinha aqui e administro minha vida de forma independente. Isso me deixa inteira”, ressalta. (DA)

Segredo é trabalhar em parceria com o médico e o treinador

O conselheiro do Conselho Regional de Educação Física Rafael Strugale afirma que não há idade para começar a praticar exercícios físicos. Ao contrário do que algumas pessoas possam pensar, quanto mais a idade avança mais o exercício se torna necessário. Para um bom resultado, sem que a saúde da pessoa seja prejudicada, é fundamental trabalhar de forma integrada.

Ele ressalta que antes de iniciar qualquer exercício é imprescindível a pessoa procurar um médico. “É a partir disso que os profissionais de educação física realizam uma rotina de exercícios para a pessoa. Conversar constantemente com o médico é fundamental para saber até que ponto o aluno pode ir com os exercícios, pois alguns têm problemas cardíacos e são hipertensos, por exemplo”, afirma.

Strugale afirma que é sempre preferível que os alunos com mais de 60 anos optem por um personal trainer. “O atendimento individualizado gera mais cuidado e atenção. Além disso, é recomendável que se faça uma rotina regular de atividades”, recomenda.

Aos 70 anos, Murilo se exercita até quando está trabalhando

O representante comercial Murilo Zanardini Lourenço levanta de segunda-feira a sexta-feira às 6h30. Toma café da manhã e coloca o terno e a gravata e, cedo, pega seu carro e sai pelas ruas de Curitiba para vender meias de compressão contra varizes. O representante comercial, não raras vezes, deixa o automóvel estacionado e sai a pé pelas vias curitibanas. Aos 70 anos, Murilo adora caminhar.

Outra prática que ele não deixa de lado é se exercitar. Frequentador da academia duas vezes por semana há dez anos, Murilo conta que às segunda-feira e quarta-feira, o trabalho começa um pouco mais tarde: a atividade física vem em primeiro lugar.

“Praticar exercício físico deixa a vida mais bonita, ficamos mais dispostos. O rendimento fica muito melhor”, conta. Murilo faz bicicleta ergométrica, levanta peso e se alonga durante uma hora. “Isso me deixa independente. Faço tudo sozinho”, relata.

Segundo ele, a oxigenação do organismo melhora. “Isso faz com que o humor melhore, assim como a atividade cardíaca. A vida toda, na verdade, melhora. A pessoa tem que se gostar. Eu faço isso porque me gosto. Se a gente não se gostar, é porque está tudo errado”, afirma.

Murilo quer manter a rotina de atividade física até quando puder e o mais importante: não quer passar parte da vida deitado em uma cama ou, então, dependendo dos outros para atividades diárias. “Quero viver até quando puder de forma independente e com qualidade de vida”.