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Algumas das viaturas que estão paradas à espera de manutenção | Antônio More/Gazeta do Povo
Algumas das viaturas que estão paradas à espera de manutenção| Foto: Antônio More/Gazeta do Povo

Praticamente todas as viaturas do 23.º Batalhão da Polícia Militar, responsável pelo policiamento do bairro mais violento de Curitiba, estão paradas por falta de manutenção. São 40 veículos oficiais que deveriam estar no policiamento, mas estão estacionados na sede do batalhão. O bairro Cidade Industrial de Curitiba (CIC) registrou 84 homicídios do ano passado, 15% do total da cidade. Apenas uma viatura do batalhão circula durante o dia na região. Em dias de pico, há quase 100 ocorrências para serem atendidas.

Outro lado

A reportagem procurou a Secretaria de Estado da Segurança Pública, que, por sua vez, respondeu horas depois que a Gazeta do Povo deveria falar com o comando do 23.º Batalhão.Na unidade, a orientação é que as respostas seriam concedidas pelo comando geral.

Em nota, a Polícia Militar afirmou que a população da CIC está sendo atendida pelas demais viaturas do 23.º Batalhão , tendo em vista que algumas estão com problemas e esperam a solução, que já foi solicitada.

Na nota, a PM também reclamou que a Gazeta do Povo publicou a notícia apenas seis minutos após a solicitação de um esclarecimento à corporação. “A Polícia Militar informa que (...) foi procurada pela reportagem da Gazeta do Povo às 18h desta terça-feira (05/05) e, exatamente 6 min (18h06) após o contato, o citado veículo de comunicação publicou a reportagem, não havendo tempo hábil para a resposta por parte do Comando, com o devido levantamento de dados, antes da veiculação.”

A reportagem esclarece, no entanto, que esperou por horas por uma resposta que deveria vir via Sesp e que só próximo do fechamento do texto foi informada de que deveria buscar a PM. A Gazeta do Povo reitera que está sempre aberta a ouvir a corporação.

Antônio More/Gazeta do Povo

Todas as viaturas “baixadas” estão com placas colocadas pelos próprios policiais nos para-brisas com o recado: “Aguardando verba para manutenção”, conforme flagrou a reportagem da Gazeta do Povo na tarde de terça-feira (5). Até um dos carros-chefe do programa de segurança pública do governo do estado, o módulo móvel, está parado. O veículo precisa de troca de óleo. Sem isso, os policiais evitam sair para não fundir o motor.

Alguns dos veículos estão amassados, outros totalmente destruídos. Basta chegar à sede do batalhão para verificar, conforme constatou a reportagem. Os policiais têm resolvido do jeito que conseguem, com rondas a pé, geralmente em duplas, e com as 28 motocicletas. O problema é que menos da metade deste total é empregado a cada turno de seis horas. Essas motos são divididas ainda em duas áreas controladas pela 1.ª e 2. ª Companhias do 23.º Batalhão.

Um policial, que prefere não ser identificado, considera o fato um problema grave, que dificulta quase que totalmente o trabalho policial. Sem as viaturas, a mobilidade da polícia para atender ocorrências é quase nula. Com as poucas motos empregadas por turnos, as distâncias aumentam. “A pé nem se fala”, afirmou o policial.

Para piorar, as motos ficam disponíveis até às 23 h, por uma questão de segurança dos próprios policiais. No mesmo horário entram em ação quatro viaturas da Ronda Ostensiva Tático Móvel (Rotam). Estas ficam o dia inteiro paradas no batalhão. Só saem em emergência.

Uma líder comunitária, que preferiu não ter o nome identificado, afirmou que em uma reunião recente na regional CIC a população local reclamou que tem esperado muito pelos atendimentos da polícia. “Todo mundo tem reclamado que não tem viatura, não tem gasolina. A segurança pública é um problema grave”, disse ela.

No Batalhão, os policiais não falam nada, mas pedem para que a reportagem entre em contato com “o alto escalão” para responder sobre quando as viaturas serão consertadas.

Três anos de vida

Em junho de deste ano, o 23.º Batalhão da Polícia Militar completa o terceiro ano. A unidade foi criada com a expectativa de atender a população do CIC, a área com maiores índices de homicídio da cidade. Trata-se do único batalhão que cuida de apenas um bairro na cidade inteira. Entre 2013 e 2014, segundo os dados da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), houve um aumento nos homicídios de 30% no CIC, passando de 64 para 84.

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