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Apesar da diminuição no ritmo, a derrubada de florestas, principalmente na Amazônia, ainda é o principal emissor de gases de efeito estufa no Brasil. | Nelson Feitosa/Reuters
Apesar da diminuição no ritmo, a derrubada de florestas, principalmente na Amazônia, ainda é o principal emissor de gases de efeito estufa no Brasil.| Foto: Nelson Feitosa/Reuters

Protagonista nas discussões de mudanças climáticas e um dos poucos países que conseguiram resultados positivos nos últimos anos, o Brasil não atendeu a recomendação da ONU de apresentar até 31 de março a atualização do plano para reduzir emissões de gases de efeito estufa. O documento precisa ser traduzido para seis idiomas até novembro, quando acontece e Paris a 21.ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP21). Além disso, a proposta brasileira precisa ser discutida com a sociedade antes da apresentação para os demais países, que devem discutir a assinatura de um novo compromisso, nos moldes do protocolo de Kyoto.

VEJA INFOGRÁFICO com dados sobre a emissão da gases do efeito estufa no Brasil

Desmatamento zero?

Os avanços brasileiros para conter a derrubada na Amazônia são inegáveis, mas mesmo assim o país ficou longe de cumprir a promessa de chegar a 2015 com desmatamento zero.

O relatório sobre as emissões brasileiras mostra que houve redução de 41% entre 2012 a 2005 e que em grande medida pela diminuição do desmatamento. “Isso tem um benefício global”, lembra Carlos Klink, secretário nacional de mudanças climáticas. Mas o país não estaria focado apenas na redução das derrubadas. Buscar uma economia mais eficiente, que alie produção e baixo impacto, seriam as metas.

O secretário nacional de Mudanças Climáticas do Ministério de Meio Ambiente, Carlos Klink, afirma que o Brasil entregará a proposta dentro do prazo obrigatório, que acaba em 1.º de outubro. “Os países desenvolvidos é que tinham o compromisso de enviar o documento em março”, diz. Ele concorda, contudo, que ao não seguir a recomendação de prazo feita pela ONU, o tempo de debate da proposta fica reduzido. “Lógico que a gente gostaria de apresentar com um prazo razoável para permitir a discussão com os vários setores”, diz. Ele também garante que o país apresentará uma proposta pioneira, com dados objetivos. Contudo, não há ainda uma previsão de quando o documento será divulgado.

Suíça, União Europeia, Letônia, Noruega, México, EUA, Gabão e Rússia enviaram suas propostas à ONU. O grande diferencial foi a apresentação de uma proposta americana, já que o país não assinou compromissos anteriores. Agora, os EUA se propõem a reduzir as emissões até 2025 em 28% na comparação com 2005.

Silêncio sobre metas causa apreensão

A demora na apresentação da proposta para a redução das emissões de gases de efeito estufa preocupa um dos principais especialistas em mudanças climáticas no Brasil, André Ferretti, gerente de Estratégias de Conservação da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. Para ele, ao não seguir o prazo recomendado pela ONU, o Brasil perde a posição de protagonista nas definições a serem tomadas pelos países. “Os chefes de Estado precisam entender a posição das outras nações para poder discutir. Além disso, é necessário somar as projeções de cada país para verificar se chegaremos aonde precisamos. Isso leva tempo”, comenta.

Ferretti espera saber qual será o compromisso para diminuir a dependência de fontes energéticas fósseis, como o petróleo. “Sabemos que a exploração do pré-sal é a menina dos olhos do governo federal, tanto internamente como no exterior. Queremos saber qual proposta será apresentada”, comenta. Para Ferretti, sem ações objetivas sobre a matriz energética, o país corre o risco de não alcançar objetivos, como a busca de não elevar a temperatura do planeta.

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