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Aluna chega ao Colégio Santa Felicidade na volta às aulas nesta segunda-feira. | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Aluna chega ao Colégio Santa Felicidade na volta às aulas nesta segunda-feira.| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

O Colégio Estadual Santa Felicidade (Safel) voltou às aulas nesta segunda-feira (31) com uma homenagem ao estudante de 16 anos assassinado por um colega de 17 há uma semana, durante a ocupação em protesto às mudanças no ensino médio.

Entretanto, os estudantes que estavam na ocupação não participaram do ato, que além de parte dos 800 alunos dos ensinos fundamental e médio, envolveu também professores e funcionários. Por orientação da diretoria, os alunos da ocupação não foram à escola no retorno às atividades para evitar confrontos com alunos contrários à ocupação.

Nesta segunda, os estudantes começaram a desocupar as 24 escolas de Curitiba em que a Justiça emitiu reintegração de posse, mas ocuparam o Núcleo Regional de Educação, no bairro São Francisco. Além disso, os professores decidiram em assembleia paralisar a greve.

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Antes das aulas da manhã, os alunos se reuniram no pátio, onde rezaram, seabraçaram simbolicamente em formato de coração e ouviram um trecho de uma música do cantor Lenine que fala sobre a vida, lido pelo professor de Filosofia. O jovem morto era fã de rock. A mãe dele foi convidada, mas não pôde comparecer em decorrência do trabalho. Ela é funcionária de uma panificadora do mesmo bairro. O menino, filho único, era órfão de pai desde os 4 anos.

As homenagens vão se estender. Nos próximos dias, os alunos, coordenados pela professora de Artes, vão grafitar os muros do Safel como um tributo ao colega.

Segundo o diretor do Santa Felicidade, Luiz Carlos Bueno, a expectativa é pela volta da normalidade ao longo da semana. “Os alunos estão bem tranquilos. Fizemos uma exposição, explicamos toda a situação da escola. Depois eles foram para as salas de aula e nossa rotina voltou ao normal”, explica.

Sobre a ausência dos alunos da ocupação na homenagem, Bueno afirma que a decisão levou em conta a tentativa de apaziguar os ânimos da comunidade escolar. “Pedimos para que os alunos envolvidos na ocupação não viessem para não ter conflito. Esse pedido foi feito pela direção e equipe pedagógica”, afirma. Segundo uma estudante, o pedido foi cumprido por quase a totalidade, mas mesmo assim alguns estudantes da ocupação assistiram às primeiras aulas do dia.

Reforço de psicólogos

Alunos de psicologia das universidades Positivo e Tuiuti vão auxiliar os psicopedagogos enviados pela Secretaria Estadual de Educação (Seed) a aliviar o trauma dos estudantes do Safel pela morte do adolescente e também evitar os enfrentamentos. “Terça-feira vamos conversar com os alunos da ocupação para não que não haja esse embate. No decorrer da semana vamos marcar reuniões. Alguns alunos estão muito abalados. Estamos tentando preservar todos os lados”, afirma o diretor.

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Semana passada, Bueno havia alertado que a história do Safel será dividida em duas a partir de agora: antes e depois da tragédia. “Antes, o que eu posso dizer é que o Safel era uma das melhores escolas públicas de Curitiba. Agora, só o tempo vai dizer o que vai ser da escola. A ferida está aberta”.

Enem

Dez dias antes da ocupação dos alunos, em 14 de outubro, o Ministério da Educação divulgou a classificação geral do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), em que o de Santa Felicidade aparece na quinta melhor colocação entre as escolas públicas de Curitiba. O bom resultado, segundo o diretor, é fruto do alto grau de envolvimento da comunidade escolar. Para manter esse nível, a programação na escola vai ser diferenciada ao longo da semana.

“Nós já fazemos aulas de reforço regulares em várias matérias. Nesta semana provavelmente teremos um cronograma diferenciado. Isso está sendo decidido”, explica Bueno. O Enem será neste final de semana (5 e 6 de novembro).

Segundo a fonte ouvida pela reportagem, as aulas devem se estender até depois do Natal no Safel. “Vamos fazer reposição em dezembro. Já fomos informados de que vamos ter aula em alguns sábados. Depois do Natal também”, diz uma aluna.

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