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Colete fabricado em outubro de 2009 e com validade até outubro de 2014 | /
Colete fabricado em outubro de 2009 e com validade até outubro de 2014| Foto: /

A Polícia Civil do Paraná corre o risco de ver suas atividades paralisadas por seus próprios policiais. Delegados, investigadores e agentes de operações estão com seus coletes balísticos vencidos e ameaçam não ir para as ruas enquanto o equipamento básico de segurança não for substituído. Pelo menos 42 delegados de todas as regiões do estado já encaminharam ofício (veja abaixo) à Associação dos Delegados do Paraná (Adepol) e informaram que não vão participar de operações até que o governo do estado forneça novos coletes que estejam dentro do prazo de validade.

“Com isso, delegacias de todo o estado se tornariam meros postos para registro de boletim de ocorrência”, disse o presidente da Adepol, João Ricardo Noronha. “Isso é a falência da polícia. Existe uma posição de inconformismo dos policiais para com a situação”, completou.

Segundo a Adepol, cerca de 3 mil dos 4,3 mil servidores da Polícia Civil – de delegados a agentes de operações – estão com coletes balísticos com a data de validade vencida. A denúncia aponta que o último lote venceu há quatro meses. A Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) contesta a informação e diz que apenas 500 coletes estão vencidos e que a orientação é para que somente os policiais que estejam com o equipamento de segurança em dia participem de operações.

A reportagem conversou com cinco policiais e um delegado que, sob condição de anonimato, relataram que o material fora da data de validade gera uma sensação de insegurança na equipe. “Eu vou [para a operação] porque precisa. Mas se precisar entrar em confronto, não sei como vai ser”, disse um agente. “Se um ‘tira’ meu disser que não quer ir [para a operação], eu não posso obrigar. Estão esperando morrer alguém pra fazer alguma coisa”, apontou um delegado.

Em maio do ano passado, o Sindicato dos Investigadores do Paraná (Sipol) já havia enviado um ofício à Sesp, informando do vencimento dos coletes. Apesar disso, as instituições policiais afirmam que os equipamentos não foram substituídos. “O Departamento da Polícia Civil nos informou que [a compra dos coletes] está em licitação. Mas se esqueceram de combinar com os bandidos, para que eles esperem e não entrem em confronto com os policiais”, ironizou o presidente do Sipol, Roberto Ramires.

Novos coletes

A Sesp informou que deve receber 800 novos coletes balísticos, doados pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp). Além disso, tramita uma licitação para a aquisição de outras 3 mil unidades. O órgão estadual disse ainda que muitos dos equipamentos vencidos estão com policiais do serviço administrativo, que não realizam trabalhos externos. A reportagem fotografou três coletes vencidos de agentes operacionais. Os policiais e o delegado entrevistados também participam de operações.

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