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Um leitor pergunta se há diferença entre as construções "ir para algum lugar" e "ir a algum lugar".

A maioria das nossas gramáticas, incluindo o Dicionário prático de regência verbal, de Celso Pedro Luft, estabelece uma importante diferença de sentido. A lição é basicamente esta: emprega-se "ir a" quando a permanência é breve (Ele foi à praia no feriado) e "ir para" quando a permanência é longa ou quando há mudança de residência (Ele se cansou de Curitiba e foi para Fortaleza).

Se prestarmos atenção, vamos notar que, de fato, os falantes do português, aqui no Brasil pelo menos, usam muito a construção "ir para" com sentido de mudança de residência: "Nós fomos para o Rio de Janeiro em 1990"; "Juliano foi para a Inglaterra quando era adolescente e de lá só voltou velho"; "Eles foram para o Japão em busca de dinheiro". Em síntese: parece que a lição que encontramos na maioria dos instrumentos sobre nossa língua funciona. Pelo menos no que refere à construção "ir para" = permanência longa ou mudança de residência.

Mas cabe uma importante observação: a mesma construção serve para os dois casos, pelo menos na fala. Raramente vamos ouvir alguém falar (estamos incluídos nesse "alguém") "Ele foi à praia no feriado" e "Nós vamos à Bahia no próximo ano". Reforcemos a lição com as palavras de Celso Luft: "Na fala brasileira prevalece ‘para’ (em qualquer dos dois sentidos) sobre o ‘a’, de pouco uso por falta de corpo fonético" (p. 342). Só lembrando: na fala, quase sempre usamos a forma "pra" e não "para".

Para finalizar, registre-se que a preposição "a" é bastante produtiva em textos escritos. Parece que não corre risco de extinção. Mas nas conversas dos brasileiros reinam o "pra"/"pro" e o "em" (na, no): Vamos na festa; fomos no comício; ela foi pro colégio.

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