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Além de questões extremamente pertinentes mas que fogem aos propósitos e ao alcance desta coluna, tanto a campanha de Dilma Rousseff quanto sua vitória para presidente da República colocaram em pauta a seguinte controvérsia: é correto o uso do substantivo "presidenta", assim com "a"?

Sim. Essa forma se encontra consignada nos principais instrumentos normativos da nossa língua e registrada em dois dos principais dicionários brasileiros: o Aurélio Século XXI e o Houaiss.

O provável estranhamento demonstrado não por poucos brasileiros advém do fato de que os substantivos terminados em "-e", o que implica naturalmente os terminados em "-ente," são, em quase 100% dos casos, uniformes, isto é, são comuns aos gêneros masculino e feminino. A marca de gênero se dá, nesse caso, pelo uso de um determinante, normalmente artigo ou pronome: a estudante, o estudante; aquele agente, aquela agente; essa gerente ; esse gerente; o cliente, a cliente; o presidente, a presidenta.

O substantivo "presidenta" é uma rara exceção que confirma a regra acima. Em sua Gramática da língua portuguesa, Celso Ferreira da Cunha anota: "Os femininos giganta (de gigante), hóspeda (de hóspede) e presidenta (de presidente) têm curso restrito no idioma, pelo menos no Brasil" (p. 205). Estou citando a edição de 1972 para que futuramente não se alegue que foi o presidente Lula quem inventou "presidenta". Ele apenas deu uma forcinha para que o termo deixasse de ter "curso restrito no idioma", como observava o admirável filólogo Celso Cunha há quase quatro décadas.

Por fim, cabe pontuar que o uso jornalístico continua sendo "presidente" (a presidente Dilma Rousseff). Cabe ao Cerimonial de Dilma a escolha de "presidente" ou "presidenta" para situações oficias. E aos brasileiros qual forma desejam usar.

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