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Para ser considerado como uma das Sete Maravilhas do Mundo, o objeto em julgamento não pode ser uma obra da natureza, mas sim uma obra da genialidade humana. Nesse aspecto, Curitiba é imbatível. Sem nenhum destaque panorâmico em que se note o dedo de Deus – aqui a natureza nos foi madrasta –, a cidade criou suas próprias maravilhas por vias administrativas.

Norte, Sul, Leste, Oeste, por onde o visitante olhar o primeiro planalto paranaense, vislumbraremos paisagens criadas sem o alvará de Deus, com os desenhos das pranchetas, o projeto no papel e a rubrica do prefeito. Sob esse ponto de vista, podemos nos ufanar da capital paranaense.

Se as Cataratas do Iguaçu fossem localizadas aqui nessas coordenadas – latitude 25º25’48” Sul, longitude 49º16’15” Oeste –, muito provavelmente aquela maravilha do planeta seria obra de algum arquiteto. O mesmo podemos dizer de Vila Velha, em Ponta Grossa, com suas esculturas rochosas únicas no Brasil. Se aquele sítio de rara beleza despontasse no horizonte do bairro do Boqueirão, sem sombra de dúvida a obra de arte teria sido planejada pelo Ippuc e realizada pelo escultor Elvo Benito Damo, com uma vantagem: em acrílico, Vila Velha não correria o risco de sucumbir ao vento.

Sem nenhum destaque panorâmico em que se note o dedo de Deus, a cidade criou suas próprias maravilhas por vias administrativas

Obras da genialidade do Homo curitibanus, quais seriam as Sete Maravilhas de Curitiba? Apesar das controvérsias, considerando apenas os locais preferidos atualmente para selfies individuais ou coletivos, podemos dizer que elas são as seguintes: Rua das Flores; Parque Barigui; Museu Oscar Niemeyer; Ópera de Arame; Parque Tanguá; Teatro do Paiol; Jardim Botânico.

Além destas, poderíamos nomear outras tantas maravilhas de Curitiba, com o devido respeito ao histórico prédio da Universidade Federal do Paraná. Incluindo Santa Felicidade, o Teatro Guaíra, os parques Tingui e Passaúna, sem esquecer os Faróis do Saber e a velha casa do Vampiro de Curitiba na Rua Ubaldino do Amaral.

Em 1858, em suas andanças pelo Paraná, o médico alemão Robert Avé-Lallemant conheceu Curitiba com toda espécie de desmazelo. Descrita anos depois, em 1870, pelo engenheiro inglês Thomas Bigg-Wither, como “um aglomerado de tendas e cabanas, formando um acampamento prestes a receber ordens para partir”. Em meio ao lamaçal das ruas, Avé- Lallemant destacou uma cadeia, da qual o quartel-general fez um quartel geral para os patifes: “São em grande número os moradores da cadeia, que guarda como sociedade fechada, para julgamento e castigo, muitos maus elementos, cujos crimes foram cometidos antes da formação da nova Província e que no regime anterior tinham ficado impunes”.

Quem te viu, quem te vê! Com tantos cartões-postais, graças à Operação Lava Jato agora temos a Oitava Maravilha de Curitiba: o edifício da Polícia Federal no Santa Cândida. O moderno quartel-general dos patifes.

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