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O linchamento da dona de casa Fabiane Maria de Jesus, no Guarujá (SP), com base em um boato que circulou nas redes sociais, expôs de modo dramático um desafio urgente do mundo contemporâneo: educar a população para a comunicação social. A internet permite que qualquer pessoa divulgue informações para a massa – algo que há pouco tempo era exclusividade dos profissionais de jornais, rádios e emissoras de televisão. Nem todos, porém, estão preparados para avaliar o alcance daquilo que postam na web. O assassinato de Fabiane talvez seja o caso mais trágico do mau uso corriqueiro das mídias on-line – o que inclui difamação, injúrias, calúnias e ciberbullying.

Falar para um é diferente de se comunicar com muitos. É impossível controlar a forma como as pessoas interpretam o que é dito ou escrito. Quanto maior o público, fica mais difícil. As pessoas instintivamente sabem disso. Poucos, em sã consciência, acusariam alguém de cometer um crime ou contariam confidências, fofocas e piadas de mau gosto em um auditório lotado de estranhos. Mas é isso que se faz na internet todos os dias, de forma descompromissada. A ausência física do interlocutor atua como um desinibidor social. E isso tem provocado excessos.

Talvez o jornalismo possa dar uma contribuição para a população entender a responsabilidade de ser um comunicador – não tanto por aquilo que a imprensa divulga, mas sim como publica. Por força do ofício e pela formação profissional, os bons jornalistas costumam ser céticos. Duvidam da veracidade das informações que recebem de segunda mão. A partir daí, tentam confirmá-la. Feito isso, discutem o impacto e a relevância de torná-la pública. Perguntam: a quem interessa que isso seja publicado? E só depois tomam a decisão de divulgar ou não a notícia. Em outras palavras, é preciso sempre praticar a saudável desconfiança e se questionar: como eu soube do que acho que sei?

É óbvio que há muitos profissionais de imprensa e veículos de comunicação que não seguem essas recomendações. Mas elas não deixam de ser válidas. E podem ser praticadas, ao menos parcialmente, por aqueles que não têm formação em jornalismo na hora de postar algo na internet ou para saber quais informações têm credibilidade.

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