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Estudar a história serve para evitar que os erros do passado sejam cometidos novamente. Ou para aprender a se preparar para as consequências de situações críticas que mais cedo ou mais tarde vão ocorrer – tais como eventos climáticos capazes de mudar o curso dos acontecimentos. O clima, aliás, tem sido alvo, nos últimos tempos, de estudos que cada vez mais lhe atribuem papel fundamental no rumo das nações – algo que assume especial relevância atualmente diante dos riscos representados pelo aquecimento global.

A história está cheia de exemplos de como uma tempestade ou um inverno rigoroso podem arruinar um país e provocar mudanças na política. A Espanha, por exemplo, era a principal potência do século 16. Sua frota naval – apelidada soberbamente de Invencível Armada – foi destruída por uma forte tormenta. O vácuo de poder bélico nos oceanos foi preenchido pela Inglaterra, que se tornou a senhora dos mares e, com base nisso, construiu seu império e sua pujança econômica.

Há pesquisas ainda que ligam a Revolução Francesa a erupções vulcânicas na Islândia, ocorridas em 1785. As cinzas jogadas na atmosfera teriam coberto o sol e esfriado a Europa. Assim, as colheitas foram prejudicadas e o preço dos grãos na França subiu demais, gerando insatisfação popular. Tudo piorou em 1788, quando um temporal destruiu plantações nos arredores de Paris. Os ânimos se acirraram. O clima revolucionário estava no ar. O estopim ocorreu em 1789. O resto está nos livros.

O estado não estava preparado para a Geada Negra

Outros estudos sugerem que todo o período da História Moderna, marcado por profundas modificações políticas e sociais, é em grande medida fruto de um evento climático: uma pequena era glacial que durou de meados dos anos 1500 aos fins dos 1800. Sucessivos invernos rigorosos na Europa prejudicaram colheitas e causaram insatisfação, que acabou resultando em revoluções e na emergência da democracia, por exemplo.

O Paraná também teve um evento climático divisor de águas em sua história. A Geada Negra de 1975 – que no próximo dia 18 completa 40 anos – dizimou os cafezais do Norte, base da economia estadual. Obrigou os paranaenses a mudar o perfil econômico do estado. Intensificou o êxodo rural – especialmente para Curitiba. O estado não estava preparado para aquela situação. Houve crescimento desordenado das grandes cidades e falta de apoio para aqueles que chegavam para reconstruir suas vidas em uma nova realidade, urbana.

No fundo, todos esses casos revelam que a conta dos eventos climáticos extremos acaba inevitavelmente sendo cobrada da população. É uma lição da história. Mas hoje há consciência disso. E o Estado pode minorar esses danos agindo preventivamente, principalmente por meio da edificação de redes de proteção social para momentos críticos.

PS: a Gazeta do Povo produziu uma série de reportagens sobre os 40 anos da Geada Negra.

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