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Educado e gentil. Essa é a principal característica do curitibano, segundo os próprios curitibanos. A pedido da Gazeta do Povo, em julho de 2012 o Instituto Paraná Pesquisas saiu às ruas para investigar como o morador da cidade vê a si mesmo. Foram ouvidas 410 pessoas com mais de 16 anos de todas as regiões da cidade. Elas podiam falar o que lhes viesse à cabeça. Citada por 11,5% dos entrevistados, a boa educação ficou à frente da tradicional sisudez e frieza – que apareceu em segundo lugar, mencionada por 7,3%, num empate com aqueles que disseram que o curitibano é solidário.

A mesma enquete também perguntou aos moradores qual é o maior sonho deles. A maioria, 47%, deu respostas que revelam desejos individuais (comprar a casa própria, ficar rico etc). Mas chama a atenção que quase um terço (31%) se mostrou altruísta, citando anseios voltados não a si mesmo, mas aos outros e à coletividade – ver a família feliz, viver numa cidade sem violência, sem corrupção e com justiça social.

A educação, o espírito solidário e o altruísmo são características que tornam o curitibano muito disposto a colaborar com boas iniciativas do poder público para melhorar a cidade. A adesão da população a campanhas como a do Lixo Que Não Lixo é um exemplo claro disso.

A Copa era uma oportunidade de ouro para engajar a população da capital em alguma ideia-força. A cidade receberá turistas e jornalistas do mundo inteiro e estará em evidência internacional. O orgulho de morar em Curitiba e a vontade de ser hospitaleiro com os visitantes seriam um trampolim único para mudar comportamentos. Campanhas educativas poderiam ser lançadas para incentivar a gentileza no trânsito, a limpeza urbana, o cuidado com os bens públicos ou o que mais possa ser imaginado.

Curitiba terá a Copa. Mas o poder público perdeu a chance de obter o engajamento massivo da população. As promessas descumpridas do legado material do Mundial – somadas ao uso de dinheiro público num estádio privado e ao vergonhoso atraso da obra – praticamente eliminaram qualquer possibilidade de haver alguma herança imaterial duradoura para a cidade.

O imaginário da maioria dos curitibanos em relação à Copa é negativo: 58% da população acha que o esforço para a cidade receber quatro jogos do Mundial não compensa, segundo levantamento da Paraná Pesquisas divulgado pela Gazeta no início deste mês. É muito improvável que o poder público reverta o placar desse jogo em menos de quatro meses.

PS: a enquete da Paraná Pesquisas so­bre os sonhos dos moradores de Curitiba embasou uma série de reportagens da Gazeta do Povo. Para quem tiver interesse, elas estão disponíveis em www.gazetadopovo.com.br/eleicoes/sonho-do-curitibano

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