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A rapaziada que prepare a ceroula: Curitiba vai congelar ainda mais a partir deste domingo, com mínima de 5 graus e máxima de 13. E a coisa tende a piorar. Segunda-feira, teremos um pouco mais de frio e, de brinde, chuva para permear o inverno da capital paranaense. Cenário bem apropriado para começar a semana.

Sempre que começa o inverno, me lembro de alguns amigos de fora que visitaram a cidade no frio. No começo, é aquela bajulação. Acham as pessoas elegantes com seus casacos e cachecóis e o cafezinho mais saboroso porque acreditam que a bebida combina mais com a temperatura baixa. Passados os primeiros dias, baixa feito neblina a sensação daquilo de que o frio realmente é capaz: preguiça, tristeza e desânimo. “Vocês nunca veem o sol nessa cidade?”, me perguntou um amigo mineiro certa vez, após uma semana de Curitiba em um inverno daqueles.

Uma coisa que deveria ser básica em Curitiba, mas é um certo luxo, é calefação

Talvez não seja exagero cravar: Curitiba tem um dos invernos mais duros do mundo. Não pelas temperaturas, que, apesar de baixas, não chegam nem perto daquilo que os termômetros marcam em alguns países. Estamos muito longe de alcançar -20, -30 graus Celsius de certas regiões dos Estados Unidos, Canadá ou da Europa. Assim como também estamos muito longe de termos uma estrutura adequada para suportar as baixas temperaturas com as quais convivemos todos os anos. E é aí que mora a questão.

Por exemplo, uma coisa que deveria ser básica em Curitiba, mas é um certo luxo, é calefação. É raro encontrar um imóvel na cidade com aquecimento, mesmo tendo, em alguns dias, temperaturas abaixo de zero. Diante disso, resta-nos sobrepor camadas e mais camadas de roupas no corpo, mesmo dentro de casa ou no ambiente de trabalho. Ou, se for mais propício, apelar a uma dose de conhaque para tentar aquecer o motor do corpo.

Lembro de um amigo espanhol que me surpreendeu com uma declaração sobre o frio de Curitiba. De visita pelo país, disse na sala lá de casa, parecendo um esquimó de tantos casacos que vestia, que nunca imaginou que o local em que fosse passar mais frio na vida fosse justamente no Brasil, este país tropical.

Ouvir isso de um europeu me remeteu à frase do jornalista Euclides da Cunha sobre os sertanejos no clássico Os Sertões: pelo frio de trincar os ossos que temos de enfrentar com o mínimo de condições, nós, curitibanos, também podemos nos considerar, de certa forma, antes de tudo fortes.

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