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Foi, mas não foi. A rapaziada já estava comemorando a volta da cervejinha aos estádios, até que o oficial da PM de plantão chegou e acabou com a brincadeira. Prometeu que, se aprovada a lei municipal em Curitiba, a cada ocorrência registrada iria entregar o nome de todos os vereadores que votaram a favor de a torcida molhar o bico. A bravata não desceu redonda. A ponto de, na sequência, um superior da polícia ter de ir pessoalmente à Câmara pedir desculpas.

O tom mais ameaçador do policial na sessão ainda levou uma testemunha do debate no plenário a se perguntar se a polícia também passaria a divulgar nomes de juízes cada vez que um bandido fosse solto. Sorte que o sujeito pensou em voz baixa e a questão passou em branco. Vai que algum PM escuta e enquadra o cidadão que nem o palhaço de Cascavel, gentilmente conduzido à viatura após fazer uma citação à corporação numa festa de criança.

A possibilidade de ter de ouvir os nomes dos 19 vereadores que votaram a favor da cerveja nos estádios traria um certo impacto no atendimento da polícia.

A possibilidade de ter de ouvir os nomes dos 19 vereadores que votaram a favor da cerveja nos estádios traria um certo impacto no atendimento da polícia

“Alô, é da polícia? Manda uma viatura urgente. Acabei de subir no ônibus depois do jogo e estão apedrejando tudo aqui.”

“Pois não, senhor, já registraremos sua ocorrência. Antes, preciso de algumas informações, seguindo o novo protocolo de atendimento da polícia. Por gentileza, o senhor conseguiria identificar se os torcedores envolvidos no confronto estão embriagados?”

“Sei lá. Devem estar todos bêbados.”

“O senhor acredita que eles consumiram bebida alcóolica no estádio?”

“Como assim? Pelo amor de Deus, tem um cara apontando um rojão pra mim!”

“Entendo, senhor. Mas, por favor, tente manter a calma e responda as perguntas objetivamente para que possamos melhor atendê-lo. O senhor confirma que os elementos consumiram bebida alcoólica no estádio?”

“Manda logo a viatura, moço, um deles está roubando o dinheiro do cobrador.”

“Senhor, não se desespere, já estamos terminando o procedimento. Repito: o senhor acredita que os elementos consumiram álcool no estádio?”

“Sim, sim, acho que sim!”

“Se o senhor confirma a ingestão por parte dos meliantes, agora devo informá-lo dos nomes de todos os vereadores que aprovaram a liberação de bebida alcoólica nos estádios antes de enviar a viatura ao local. O senhor pode anotar, por gentileza?”

“Anotar? Nem caneta eu tenho. Estou no meio de uma chuva de pedras e paus.”

“É o procedimento. O senhor gostaria também do partido ou só o nome dos vereadores basta?”

“Partidos?! Manda logo essa viatura!”

“Muito bem. Vou começar a pronunciar os nomes dos vereadores. O senhor pode, por gentileza, anotar?”

O policial começa a dizer um por um os nomes dos legisladores e retorna à vítima.

“Agora que informei o nome de todos os vereadores que votaram a favor da cerveja nos estádios, o senhor pode passar o endereço da ocorrência para enviarmos a viatura?”

“Não precisa mais.”

“Por que, senhor?”

“Porque já quebraram todo o ônibus, destruíram tudo e foram embora. Não tem mais ninguém aqui.”

“Entendo, senhor. Vamos cancelar sua ocorrência. Mas os nomes dos vereadores o senhor pegou, positivo?”

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