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Cervejaria Cruzeiro no bairro do Batel, década de 1920. Como todas as indústrias de Curitiba e mesmo os fogões, quer caseiros, quer industriais, utilizava a lenha como o único combustível existente |
Cervejaria Cruzeiro no bairro do Batel, década de 1920. Como todas as indústrias de Curitiba e mesmo os fogões, quer caseiros, quer industriais, utilizava a lenha como o único combustível existente| Foto:
  • Um caminhão Nasch, carregado com a chamada lenha de metro destinada a alguma fábrica para ser usada como combustível, na década de 1950. Na época, tanto os automóveis como os caminhões eram importados
  • Colono instalado, mata devastada. A foto é da colônia Senador Correia, entre Guarapuava e Apucarana, em 1919. Ao fundo, vemos apenas dois pinheiros, salvos da imensa floresta que ali existiu
  • Carroção colonial tracionado por oito animais (cavalos e mulas), que transportava as mercadorias no começo e em meados do século passado. Incluindo no transporte as chamadas carradas de lenha de metro, assim denominadas por não serem picadas em pequenas achas
  • Fotografia da antiga Cervejaria Atlântica, onde hoje está instalada a Brahma. Suas fornalhas queimavam tanta lenha quanto as locomotivas da Estrada de Ferro Curitiba-Paranaguá
  • Aproveitamos a ocasião em que se fala de preservação para lembrar um crime que se comete para com a lembrança histórica da primeira mulher que se formou e exerceu, magistralmente, a profissão. O enfoque é sobre o busto vilipendiado da professora Júlia Wanderley Petrich que se acha instalado diante do colégio que leva o seu nome. O busto da ilustre dama teve o nariz destruído e assim ficou por longos anos. Agora, pela segunda vez, já há alguns meses o mesmo nariz, depois de recuperado, foi novamente destruído. A visão de tal vandalismo causa mal-estar para quem olha o monumento desrespeitado da tão ilustre paranaense. Particularmente não sou adepto a apelações, mas diante de tal descaso pergunto: por que razão as nossas autoridades não têm vergonha na cara e mandam arrumar e recolher o busto para um lugar seguro? Enquanto a escultura da dona Júlia estiver atrofiada, ficará assim sendo não a imagem da professora, mas sim o retrato do nosso governo

Esta página especial, da nossa Gazeta do Povo, não é apenas para matar saudades dos nostálgicos leitores. Ela está aqui para informar os mais jovens como era o modo de vida no passado e mostrar o que os nossos ancestrais deixaram para o seu porvir, tanto as coisas boas quanto as más.Agora mesmo, o Brasil passou por uma temporada calamitosa de incêndios florestais, na sua Região Centro-Oes­­­­te e em vários estados da Amazônia. Faz parte da rotina no País de se fazerem queimadas nos roçados, para limpar o terreno sem esforço de mão de obra; esse fato ocorre no mês de agosto, pouco antes da primavera – costume que vem desde o Descobrimento e já era aplicado pelos índios, que denominavam as queimadas de coivaras. Essa maneira de limpar o terreno também foi adotada pelos portugueses há cinco séculos.No Paraná aconteceu tal calamidade em 1963, quando as ditas queimadas de campos pegaram a vegetação ressequida pelo longo período do inverno. O incêndio se alastrou pelo estado inteiro, e os momentos mais intensos se registraram no mês de setembro. O governo do estado de­­flagrou a Operação Flagelo – tendo recebido auxílio do mundo inteiro, até uma doação em dinheiro (3 milhões de cruzeiros) do Vaticano. Casas foram queimadas e houve mortes de muitas pessoas, além de milhares de animais dizimados.

Tais incêndios calamitosos, causados pelo próprio ho­­mem, felizmente não são frequentes. A devastação constante das florestas, entretanto, não para. O noticiário es­­tá cheio de agressões à Floresta Amazônica, diariamente, vemos pela televisão que foram derrubadas tantas árvores, que são medidas em dezenas e centenas de "campos de futebol".

No Paraná, tivemos a de­­vastação em dois tempos. O primeiro é o chamado Ciclo da Madeira, que praticamente acabou com o nosso pinheiro (Araucaria angustifolia), árvore existente desde o período jurássico, portanto desde que existiam os dinossauros na Terra. O segundo tempo de devastação veio com a colonização do Norte do Paraná, quando, no primeiro terço do século passado, o então Sertão Desconhecido começou a de­­saparecer do mapa do estado, dando lugar ao quarto ciclo econômico, representado pelo café, quando alcançamos o almejado progresso. Entre­­tanto, com um preço muito alto para a Natureza.

O pinheiro, símbolo do Pa­­raná, ainda existe, porém em quantidade ínfima, se levando em conta que cobria a vasta área que ia de Curitiba até as margens do Rio Paraná, e na região do Sudoeste foi quase totalmente extirpado no correr da década de 1950. A re­­gião metropolitana de Curi­­tiba sofreu espetacular devastação em suas matas secundárias, por mais de três séculos, quando a lenha era o único combustível usado. E assim o foi até o limiar de 1960, quando os combustíveis oriundos do petróleo tomaram o lugar da madeira.

Hoje a palavra de ordem é preservar, o nosso pinheiro está defendido ao corte, nos jardins e nos quintais ainda existentes, por leis ambientais. No interior, apesar de as mesmas leis o protegerem, ainda se tem notícias de que continuam certos ditos madeireiros a praticar a pirataria e o extermínio, em nome da ganância pecuniária.

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