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Após sofrem com assaltos, a rede de lojas Havan adotou soluções como criar o seu próprio disque-denúncia | Brunno Covello/Gazeta do Povo
Após sofrem com assaltos, a rede de lojas Havan adotou soluções como criar o seu próprio disque-denúncia| Foto: Brunno Covello/Gazeta do Povo

Um estabelecimento comercial é roubado a cada duas horas, em média, em Curitiba. A capital paranaense registrou 6.070 assaltos em lojas e comércios no ano passado – 8% a mais do que 2013. O dado consta nas estatísticas da criminalidade divulgadas pela Secretaria da Segurança Pública e Administração Penitenciária, publicadas no mês passado. O aumento preocupa empresários que, em razão destes assaltos, precisam também melhorar a qualidade da segurança privada em suas empresas. Assaltos em comércio representam 20% do total de roubos na cidade.

Havan adota estratégias novas para coibir assaltos

Depois de ter uma de suas filiais assaltadas em Curitiba, no dia 10 de fevereiro deste ano no bairro Bom Retiro, em Curitiba, a rede de lojas Havan adotou um conjunto de medidas para auxiliar a polícia na identificação dos autores e inibir ocorrências de roubo. O grupo passou a divulgar no You Tube vídeos dos assaltos em suas lojas, destacando os rostos dos suspeitos. Além disso, a empresa também criou um disque-denúncia, que atende pelo telefone 9-047-3446-7953. O anonimato do denunciante é garantido pela Havan.

Deste modo, a empresa acabou indo na contramão da maior parte do comércio, que tenta não associar a marca aos crimes dos quais são vítimas. E tem dado certo. Duas semanas após investir nas alternativas, a filial do bairro Xaxim também foi assaltada. O aparato colaborou com a polícia e ajudou a prender um dos três suspeitos que invadiram a loja.

Para o gerente de segurança do grupo, Rodrigo Cesar de Souza, os clientes da Havan sabem diferenciar o problema da falta de segurança pública do serviço prestado pela empresa. “Na nossa visão, a criminalidade existe e nós nos preocupamos com isso. Para nós tem dado certo e incentivamos outras empresas a fazerem o mesmo. É transparência contra o crime.”

De acordo com Souza, a atitude da empresa favorece tanto os clientes como os funcionários. “São ferramentas para que a comunidade também ajude a elucidar os crimes”, comenta.

Os assaltos no ano passado e roubos recentes em 2015 têm impulsionado reclamações constantes dos comerciantes. Somente em fevereiro deste ano, por exemplo, duas filiais das lojas Havan, em Curitiba, foram assaltadas – uma no bairro Bom Retiro e outra no Xaxim. As lojas da Rua XV também são alvos, de acordo com o vice-presidente da Associação Comercial do Paraná (ACP), Camilo Turmina.

“Na minha opinião, tem faltado presença da polícia. E há um problema no sistema. Muitas vezes são sempre os mesmos que cometem esses crimes. Eles são presos e logo estão à solta novamente”, reclama. Em dez meses do ano passado houve crescimento deste tipo de assalto.

Mesmo os meses de junho e julho, quando a cidade sediou a Copa do Mundo, ocorreram mais assaltos que no ano anterior [veja o infográfico]. Naquele momento, o problema não era falta de efetivo policial, pois havia cerca de 7 mil agentes de segurança na cidade. Nem isso, no entanto, conseguiu conter o avanço dos crimes.

Sem padrão

Para o delegado titular da Delegacia de Furtos e Roubos (DFR) de Curitiba, Osmar Dechiche, apesar do aumento destes crimes, não há um padrão nem perfil nos ladrões que tem cometido esses roubos. “Não tem grandes quadrilhas. Há muitos delinquentes”, afirma. Segundo o delegado, os assaltantes não são apenas usuários de drogas. “Há gente de todo tipo”, completa.

No Paraná

O número de assaltos a estabelecimentos comerciais no Paraná estabilizou. É o que mostra o dado divulgado pela Secretaria de Segurança Pública. Conforme o levantamento, foram 13.957 roubos a estabelecimentos comerciais em 2014, 0,30% a menos que em 2013.

O policial comentou ainda que o crime de roubo é relacionado à oportunidade. Por isso, conforme explicou, é fundamental também a prevenção que os empresários fazem no dia a dia. Dechiche garante que a polícia dá atenção às áreas comerciais, mas depende bastante da colaboração dos comerciantes. Por isso, ele lembra que os estabelecimentos devem investir mais em segurança privada, no monitoramento de câmeras. “Às vezes recebemos imagens sofríveis”, afirma Dechiche. No entanto, ele ressalta que a DFR tem realizado grandes prisões com a ajuda do confronto de imagens entregues pelos estabelecimentos.

A DFR é responsável por investigar crimes de furtos e roubos de autoria desconhecida. Quando o ladrão é identificado, o crime é investigado pelo distrito policial responsável pelo bairro onde o estabelecimento fica. Tanto a DFR quanto os distritos entram nos casos após o roubo ter sido cometido. A prevenção é de responsabilidade da Polícia Militar. Mas, prisões e investigações que tenham sucesso colaboram para diminuição dos roubos.

PM informa que policiamento é adequado

A Polícia Militar do Paraná (PM) defendeu, por meio de nota, que tem realizado o policiamento adequando conforme as diretrizes da Coordenadoria de Análise e Planejamento Estratégico, responsável pelas estatísticas criminais no estado. Além disso, a PM informa que módulos móveis estão espalhados pela cidade, como uma espécie de ponto de apoio para policiais e referência para a comunidade. A polícia considera que os módulos, aplicados desde o ano passado, têm se revelado “grandes ferramentas contra o crime”.

O texto destaca ainda que a polícia realiza operações diárias com participação de equipes especiais, como o Batalhão de Operações Especiais (Bope) e a Rondas Ostensivas Táticos Motorizadas (Rotam).

“Em alguns dias e horários específicos, o policiamento é reforçado nos eixos comerciais e locais com maior aglomeração de pessoas, como saída e entrada de alunos, início e fim de expedientes, época de pagamentos e datas de eventos específicos”, descreve a nota.

Ajuda

A PM pede que comerciantes ou moradores que tenham informações sobre suspeitos repassem esses dados à Policia Civil, responsável pela investigação e identificação de suspeitos. Em nota, a polícia ainda orienta os cidadãos a tomarem alguns cuidados básicos, como não deixar à mostra objetos de valor, como celulares e relógios, ter cuidado ao entrar e sair de estabelecimentos comerciais ou residências, não reagir a assaltos e registrar sempre o boletim de ocorrência. (DR)

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