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Barracão, no Paraná, é uma das divisas com Dionísio Cerqueira | Hugo Harada/Gazeta do Povo
Barracão, no Paraná, é uma das divisas com Dionísio Cerqueira| Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo

Caminhar livremente por três cidades, três estados e dois países em apenas uma rua é o que possibilita o Extremo-Oeste de Santa Catarina. É lá onde fica Dionísio Cerqueira, a 700 quilômetros de Florianópolis, cidade que faz divisa com Barracão, no Paraná, e fronteira com Bernardo de Irigoyen, no Estado de Missiones, na Argentina. O município catarinense de 15 mil habitantes tem uma rotina dividida com os paranaenses e argentinos.

PR ganha mais uma “cidade-gêmea”, mas políticas de integração ainda são falhas

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Ao circular pela região, somente quem mora por lá sabe onde realmente está. A dica para os visitantes é ficar de olho nos postes de energia elétrica. Os redondos, vermelhos e verdes são catarinenses, enquanto os quadrados, verdes, azuis e brancos sinalizam a cidade paranaense.

Nesta terça-feira (20), no Diário Oficial da União, o Governo Federal reconheceu oficialmente um título que os moradores locais já usam há muito tempo. A publicação declara que Dionísio Cerqueira e Barracão estão na lista dos 33 municípios brasileiros considerados cidades-gêmeas.

O ato do Ministério da Integração Nacional leva em consideração o crescimento da demanda por políticas específicas para as regiões de fronteira e a importância delas para a integração sul-americana, mas não aponta benefícios claros a curto prazo.

Cruzar do Brasil para a Argentina a pé não precisa de autorização ou fiscalização, basta atravessar a rua. No lado argentino, as lojas com produtos alimentícios são as mais procuradas. A travessia com carro, porém, precisa ser feita pela aduana. E é por isso que a todo instante turistas estacionam o carro do lado brasileiro e caminham até a Argentina para comprar vinho, doce de leite, azeite de oliva e outras coisas. Assim como são comuns as histórias de pessoas que moram em uma cidade e trabalham em outra.

O aposentado Setembrino Nunes de Proença, 67 anos, é gaúcho, assim como grande parte dos moradores da região. Mas reside em Barracão há 40 anos. Suas cinco filhas se casaram com argentinos e todas moram no país vizinho. Mesmo assim, Proença diz que não fala espanhol, mas elogia o lugar onde vive. Apesar de ser uma fronteira, região normalmente conhecida por insegurança, ele diz que nas cidades-gêmeas a situação é diferente. “Um lado presta serviço para o outro. É um lugar bom de viver e seguro”, diz.

Outro ponto de travessia entre os dois países é o Parque Turístico Ambiental de Integração, construído em parceria entre as três cidades da região. Desde 2009, os municípios, incluindo também Bom Jesus do Sul (PR), distante oito quilômetros de Barracão, criaram o Consórcio Intermunicipal da Fronteira, que desenvolve ações e constrói obras na região.

O responsável por fiscalizar o lado brasileiro do parque é um morador de Dionísio Cerqueira. Com um chapéu de palha para escapar do sol, Claudi Valentim dos Passos é responsável por manter a área limpa e organizada. Sob os olhos dele, os visitantes passam de um lado ao outro carregando sacolas.

“No verão movimenta bastante. Agora tem mais argentino vindo pro Brasil também, porque aqui algumas coisas são mais baratas para eles”, contou o funcionário da prefeitura.

Crise brasileira afeta comércio argentino

A estrutura do comércio na tríplice fronteira não se compara ao que existe nas fronteiras do Rio Grande do Sul com o Uruguai e de Foz do Iguaçu com o Paraguai, por exemplo, mas ajuda a movimentar um milhão de turistas por ano. As lojas que mais atraem turistas são as de cosméticos, bebidas e produtos alimentícios. Porém, desde o começo do ano passado o movimento caiu bastante por causa da crise brasileira.

“Nosso público é praticamente de brasileiros. Nós acompanhamos o Brasil e aqui um país depende do outro”, explicou o empresário Juan Alberto Junes, que herdou o supermercado da família criado em 1929.

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