
Seja por preocupação com o meio ambiente, por indignação em relação às cadeias produtivas exploratórias ou por autoconsciência, a redução do consumo tem feito a cabeça de muita gente. Trata-se do movimento batizado lowsumerism – resultado da junção de low (baixo, pouco) e consumerism (consumismo) –, cuja bandeira é consumir menos e de maneira mais consciente.
A proposta é romper o ciclo do consumismo que, no pior cenário, gera ansiedade, frustração e endividamento. De acordo com Eduardo Biz, analista de tendências da Box1824, empresa de pesquisa especializada em tendências de comportamento e consumo e responsável pelo projeto The Rise of Lowsumerism, é a consciência coletiva que está em transformação.
“O consumismo exacerbado é um comportamento do qual sentiremos muita vergonha daqui a alguns anos. Percebemos que as pessoas estão cansadas do excesso: excesso de trabalho, de bens materiais, de trânsito.”
Biz explica que o lowsumerism se revela em microtendências: é o movimento biker, que não quer mais comprar carros; é o empreendedorismo colaborativo, que não depende mais de grandes investidores financeiros; são as pessoas que não querem comprar, mas trocar ou fazer elas mesmas.
A designer Cristal Muniz, de 24 anos, aderiu ao lowsumerism motivada pela vontade de não produzir mais lixo – ou produzir o mínimo possível. Para levar o projeto pessoal adiante, ela criou um site – o Um ano sem lixo – no qual relata os progressos e as dificuldades encontradas.
Há quase um ano, Cristal carrega consigo guardanapos de pano e recipientes reutilizáveis, como uma garrafinha de vidro para beber água ou um copo retrátil para tomar bebidas servidas em restaurantes; as compras são feitas preferencialmente a granel e muitos produtos antes comprados periodicamente, como itens de limpeza e higiene pessoal, agora são produzidos em casa.
“Descobri que consigo reduzir meu impacto no mundo. Não se trata apenas de não produzir lixo na minha casa, mas menos lixo no mundo. Tudo o que consumimos gera consequências e é resultado de uma cadeia produtiva cujo custo ambiental e social é altíssimo. O mínimo que podemos fazer é consumir com consciência. A gente não precisa ter muitas coisas, mas sim acesso às coisas.”



