• Carregando...
 | Divulgação /
| Foto: Divulgação /

Em meio às cores escuras e sóbrias do Cemitério Municipal São José, em Ponta Grossa, um túmulo cor-de-rosa se destaca. No o local onde está enterrada Corina Antonieta Pereira Portugal tem quase cem placas de agradecimentos e muitas flores. A devoção popular à carioca radicada nos Campos Gerais já dura 126 anos. Ela foi assassinada pelo marido, em 1889, acusada de uma falsa traição. Corina virou símbolo para mulheres que tinham problemas no casamento. Com o tempo, os tipos de pedidos se ampliaram.

A história de Corina Portugal se mistura com conflitos políticos da região. Nascida em 17 de janeiro de 1869, no Rio de Janeiro, ela veio para Ponta Grossa depois de se casar com o farmacêutico Alfredo Marques de Campos, em 1885. O marido descontava em Corina suas frustrações potencializadas pela dependencia do álcool e dos jogos. Na noite de 26 de abril de 1889, Campos assassinou a esposa com 32 golpes de punhal.

Pedidos deixados no túmulo de Corina Portugal

  • Ponta grossa

“Ajudai-me, minha querida Corina, a conseguir um emprego bom. Eu te agradeço. Maria”. / “Corina: mande separar minha filha do Pedro, que a maltrata”. / “Corina Portugal, santa das mães e esposas aflitas, ajudai-me nessa hora de tanto sofrimento. Não mereço o que meu marido me faz. Abra o coração dele e dos meus filhos”. / “Corina Portugal: a graça que peço é de paz, saúde e felicidade à minha família. Que as pessoas que querem atrapalhar nossas vidas, parem com isso. Que não falte serviço ao meu marido. Saúde a todos nós do mundo. Peço à senhora que ajude minha filha casada a engravidar. Obrigada. Deus a proteja sempre. Amém”.

Oração

Dois anos depois da publicação da primeira edição de Corina Portugal – história de sangue e luz, Josué Corrêa Fernandes recebeu de uma devota o pedido para que escrevesse uma oração para a “santa”. Ela mesma acrescentou ao texto a necessidade de, em caso do pedido atendido, fazer cem cópias e deixar sobre o túmulo de Corina, o que logo se tornou um costume local.

Diz a oração: “Bem aventurada Corina Portugal, que foste martirizada e difamada, que tombaste no santo recesso do lar pelas trinta punhaladas do perverso que te escravizava e humilhava, tenhas compaixão de mim e dos angustiantes problemas que hoje atormentam a minha vida, fazendo-me enxergar só escuridão e desespero. Guardiã das mães aflitas pelos filhos que caminham na perigosa trilha das drogas, do álcool; auxiliadora das esposas que não são aceitas ou compreendidas pelos maridos; sentinela das tragédias que podem ocorrer entre noivos e noivas, namorados e namoradas; alma cândida e limpa, alvejada no mar de sangue que há mais de um século ainda mancha a cidade, - ouvi o meu pedido, levando-o até Nossa Senhora e seu Divino Filho: (fazer o pedido). Com as mesmas mãos retalhadas, com as quais tentaste defender-te da fúria assassina de teu carrasco, segurai as minhas, sustentando-me para que me levante do chão da amargura. Auxilia-me a vencer todos os obstáculos, protegei a mim e à minha família, dai-nos a todos serenidade, paz, trabalho e compreensão. Ensina-nos que a vida é um dom de Deus e que as mais complicadas situações podem ser resolvidas com fé e com calma, porque a cada dia e a cada manhã todas as chances nos são devolvidas nesse eterno recomeço” (Rezar 1 Pai-nosso, 1 Ave-Maria e 1 Salve-Rainha).

Mas a comoção local com a história de Corina só ocorreu tempos depois. Vicente Machado, na época deputado provincial e advogado de defesa de Campos, teria inventado a traição para livrá-lo da condenação. O amante seria o médico João de Menezes Dória – também deputado provincial e adversário político de Machado. À época, a opinião pública apoiou o criminoso considerando que ele agiu para defender sua honra. Dória então foi viver Curitiba, de onde passou a escrever sobre o caso. Contou com o apoio do pai de Corina, que enviou cartas escritas pela filha. Nos documentos, ela relatava os maus-tratos e as ameaças recebidas do marido. Mesmo com as novas provas, o farmacêutico acabou absolvido em todos os tribunais. Mesma sorte não teve com a população, que dessa vez percebeu a falsidade em torno do suposto adultério. Foi então que Corina passou a ganhar seus primeiros admiradores e o viúvo da jovem cometeu suicídio. Deu um tiro na cabeça, em setembro de 1895, em um hotel do Rio de Janeiro. Deixou um recado em um pedaço de jornal: “morro por estar farto de sofrer – Alfredo Marques de Campos”.

Hoje, o túmulo de Corina é o mais visitado no Cemitério São José. O zelador Antônio Djalma Oliveira conta que os devotos fazem visitas principalmente nas segundas-feiras e nos fins de semana. “Tem gente que faz promessa de pintar o túmulo se for atendido”, conta Oliveira. A última foi no ano passado.

História para ler e ouvir

Mais de um século depois da morte de Corina, o advogado ponta-grossense Josué Corrêa Fernandes publicou, em 1999, o livro Corina Portugal – história de sangue e luz. “Não tinha quem levasse o caixão no enterro dela, pois estavam todos do lado do marido”, afirma. No processo de produção do livro, Fernandes também registrou os pedidos de devotos deixados em bilhetes no túmulo de Corina. “Eram mulheres com problemas com o marido, pedindo para a filha largar do namorado, pedidos de emprego e para passar no vestibular”.

Para ele, uma das principais marcas do caso é o atrito pessoal entre Vicente Machado e João de Menezes Dória. “Percebi na pesquisa que ela foi deixada de lado e os dois ficaram brigando por causa de política”, diz. A segunda edição do livro foi publicada em 2007. Em junho deste ano, Fernandes passou a publicar trechos do livro no Facebook.

A memória de Corina também já ganhou cordel, música e uma radionovela transmitida por uma emissora local, baseada no livro de Fernandes e adaptada pela educadora Lucélia Clarindo. No mês passado, um grupo de contadores de história apresentou o Cordel de Corina Portugal, do escritor ponta-grossense Eno Theodoro Wanke.

Memória em nome de rua

Próximo ao aniversário de 126 anos da morte de Corina, em abril desse ano, um grupo de ponta-grossenses sugeriu que a Avenida Vicente Machado, no centro da cidade, passasse a se chamar Avenida Corina Portugal. Eles conversam com vereadores sobre o tema e chegaram a colar placas de papelão com o nome dela sobre as placas da via.

Lista de falecimentos - 10/10/2015

Angelica Franco, 39 anos. Profissão: do lar. Filiação: Waldemar Franco e Maria Antônia Franco. Sepultamento hoje, no Cemitério Universal Necrópole Ecumênica Vertical.

Antônio Renê Castanheira, 74 anos. Profissão: advogado. Filiação: José Bernardim Castanheira e Francisca Soares. Sepultamento hoje, no Cemitério Parque Iguaçu.

Antônio Schlosser, 88 anos. Profissão: motorista. Filiação: Alberto Schlosser e Aguida Portella Schlosser. Sepultamento ontem.

Augusto Kosien, 69 anos. Profissão: comerciante. Filiação: José Kosien e Pelagia Schapanski Kosien. Sepultamento ontem.

Carlos Alberto de Assis, 43 anos. Profissão: mecânico. Filiação: Luiz Carlos de Assis e Elsa de Assis. Sepultamento hoje, no Cemitério Municipal São João Batista, em São José dos Pinhais.

Cecília Kraismann Salvaro, 85 anos. Profissão: do lar. Filiação: Alexandre Kraismann e Catarina Yungblut Kraismann. Sepultamento ontem.

Cláudio Ferreira dos Santos, 82 anos. Profissão: policial militar. Filiação: Manoel Paula Ferreira da Cruz e Maria Constantina dos Santos. Sepultamento hoje, no Cemitério Municipal Água Verde.

Clauridia de Souza Esposito, 80 anos. Profissão: do lar. Filiação: Leonor Eliziario Lizardo e Agricolina Gonçalves de Souza. Sepultamento hoje, Cemitério Pedro Fuss, em São José dos Pinhais.

Davi Luiz Carvalho de Lima, 7 meses. Filiação: Jean Sobreira de Lima e Leticia Carvalho de Arruda. Sepultamento ontem.

Edson Aparecido Ferraz, 41 anos. Profissão: técnico em segurança do trabalho. Filiação: Ildefonso Ribeiro Ferraz e Maria Fernandes Ribeiro. Sepultamento hoje, no Cemitério Municipal da Cidade de Origem.

Eduardo Kindzieski, 77 anos. Profissão: autônomo. Filiação: Paulo Kindzierski e Tereza Kindzieski. Sepultamento hoje, no Cemitério Municipal de Campo Magro.

Ernestina de Lima Vaz, 94 anos. Profissão: do lar. Filiação: Caetano de Lima Vaz e Joana Pantarollo Vaz. Sepultamento ontem.

Everaldo Ferreira da Silva, 37 anos. Profissão: comerciante. Filiação: Valdir Manoel da Silva e Maria Ferreira da Silva. Sepultamento ontem.

Guaraciaba Lopes de Camargo, 62 anos. Filiação: Adevanir Ferreira. Sepultamento ontem.

Iolanda Rodrigues Nazareno, 79 anos. Profissão: do lar. Filiação: Brandisio Rodrigues e Maria Joana Rodrigues. Sepultamento hoje, no Cemitério Jardim da Paz.

Irene Bruel, 91 anos. Profissão: do lar. Filiação: Raul Sprung e Barbara Pechaidt Sprung. Sepultamento hoje, em local a definir.

Irene Ferreira, 70 anos. Profissão: do lar. Filiação: Pedro Witski e Luíza Witski. Sepultamento ontem.

Irene Weyhe, 67 anos. Filiação: Hans Weyhe e Gertrud Weyhe. Sepultamento ontem.

Israel Maximiliano Fuentes Irarrazabal, 58 anos. Profissão: autônomo. Filiação: Ramon Fuentes Jimenez e Amanda Adriana Irarrazabal Irarrazabal. Sepultamento hoje, no Cemitério Municipal Boqueirão.

Joana Teodora Mendonça, 91 anos. Profissão: do lar. Filiação: Ventura Antônio do Carmo e Ana Teodora de Jesus. Sepultamento hoje, no Cemitério Memorial da Vida, em São José dos Pinhais.

João Pereira Lima, 78 anos. Filiação: José Pereira da Silva e Maria Pereira Lima. Sepultamento ontem.

Joaquim Moraes de Farias, 66 anos. Profissão: jardineiro. Filiação: Manoel Moraes de Farias e Zelita Farias Gomes. Sepultamento ontem.

José Agadir de Andrade Antunes, 79 anos. Profissão: vidraceiro. Filiação: Pedro Luiz Antunes e Luíza de Andrade Antunes. Sepultamento hoje, no Cemitério Pedro Fuss, em São José dos Pinhais.

José Carlos de Mello, 66 anos. Profissão: ajudante. Filiação: Francisco Martins de Mello e Noêmia dos Santos Mello. Sepultamento hoje, no Cemitério Municipal da Cidade de Origem.

Keltton Bock, 21 anos. Profissão: auxiliar de produção. Filiação: Jociane Cristina Bock. Sepultamento ontem.

Leli de Jesus Brito, 61 anos. Profissão: funcionário público municipal. Filiação: Pedro de Brito e Adelaide Strapasson de Brito. Sepultamento ontem.

Lourival Donizete Villas Boas, 40 anos. Profissão: empresário. Filiação: Hélio Villas Boas e Philomena Bianchini Villas Boas. Sepultamento hoje, em local a definir.

Luiz Carlos Ramos, 43 anos. Profissão: empresário. Filiação: João André Ramos e Doralina Telles Ramos. Sepultamento hoje, no Cemitério Memorial da Vida, em São José dos Pinhais.

Luiz Mendes, 68 anos. Profissão: comerciante. Filiação: Presciliano Mendes e Clementina Maria Mendes. Sepultamento ontem.

Lydia de Aguirre Gasparin, 92 anos. Profissão: do lar. Filiação: Zoilo Aguirre e Elza Zardo de Aguirre. Sepultamento hoje, no Cemitério Municipal Água Verde.

Margarida Fátima de Souza, 56 anos. Profissão: diarista. Filiação: Valdomiro Raymundo de Souza e Sebastiana Barbara de Souza. Sepultamento hoje, no Cemitério Parque Senhor do Bonfim, em São José dos Pinhais.

Maria Iracema Félix de Souza, 69 anos. Profissão: do lar. Filiação: Domingos Félix da Silva e Maria Ferreira dos Santos. Cerimônia hoje, no Crematório Vaticano.

Maria Luíza Enrietti Baptista, 72 anos. Profissão: do lar. Filiação: Marcos Augusto Enriett e Maria da Glória Pradi Enrietti. Sepultamento ontem.

Maria Luíza Oliveira de Luca, 42 anos. Profissão: recepcionista. Filiação: Luiz Alberto Oliveira de Luca e Dalva Oliveira de Luca. Sepultamento hoje, no Cemitério Parque Memorial Graciosa, em Quatro Barras.

Maria das Conceição Martins Pinheiro, 87 anos. Profissão: do lar. Filiação: Antônio Martins Ferreira e Belarinda Maria da Solidade. Sepultamento hoje, no Cemitério Municipal da Fazenda Rio Grande.

Marina Jesus Cardoso, 67 anos. Profissão: auxiliar. Filiação: Venâncio Cardoso da Silva e Maria Francisca dos Santos. Sepultamento hoje, no Cemitério Jardim da Saudade II, em Pinhais.

Nadir Castilho Rogério, 89 anos. Profissão: do lar. Filiação: Vergilio Antônio de Castilho e Marciliana Maria dos Santos. Sepultamento ontem.

Nercy Barbeto, 86 anos. Profissão: do lar. Filiação: Firmino Barbeto e Dorcellina Barbeto. Sepultamento ontem.

Orlando de Brito, 77 anos. Profissão: porteiro. Filiação: Manoel de Brito e Matilde Neuhaus. Sepultamento hoje, no Cemitério Pedro Fuss, em São José dos Pinhais, saindo de residência.

Osvaldir Roberto Zink, 61 anos. Filiação: André Zink e Remilda Weirich Zink. Sepultamento ontem.

Raimunda Camelo Prosdocimo, 90 anos. Profissão: do lar. Filiação: Antônio Camelo de Farias e Maria Alves de Carvalho. Sepultamento hoje, no Cemitério Parque Iguaçu.

Vicente Turek, 82 anos. Profissão: comerciante. Filiação: Wadislau Turek e Agata Turek. Sepultamento hoje, no Cemitério Municipal da Cidade de Origem.

Viviane Gonçalves Moreira, 25 anos. Profissão: do lar. Filiação: Tânia Mara Gonçalves Moreira. Sepultamento ontem.

Waldemar Auchewski, 83 anos. Profissão: encanador. Filiação: João Auchewski e Júlia Auchewski. Sepultamento hoje, no Cemitério Paroquial São Marcos.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]