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| Foto: Vagner Ribeiro/Colaboração

O esfaqueamento de um jovem nas escadarias da Catedral Basílica de Curitiba, durante a missa do último domingo (16), chamou a atenção principalmente pelo fato de o crime ter sido cometido em um momento de celebração da fé. O fato de ter sido no Centro da cidade, entretanto, também abre brechas para uma análise sobre a efetividade e as particularidades do trabalho policial na região.

INFOGRÁFICO: Roubos e furtos no seu bairro

Em números absolutos, o Centro é o bairro com a maior quantidade de roubos de Curitiba. De acordo com os últimos dados divulgados pela Secretaria de Estado da Segurança Pública, foram registrados 1.294 roubos entre janeiro e março deste ano – 24% a mais do que o mesmo período do ano passado. Apesar de alguns bairros como Bairro Alto (46,5%) e Campo de Santana (39%) terem tido crescimentos maiores, a média da cidade foi de 14% de alta nesse tipo de crime.

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O homem esfaqueado, ainda não identificado, teria 23 anos. Ele foi socorrido em estado grave ao Hospital Evangélico, onde já passou por duas cirurgias e segue internado. De acordo com relatos de testemunhas, o rapaz tentou evitar que uma senhora fosse roubada. Acabou roubado e esfaqueado. Até o momento, ninguém foi preso pelo crime.

O tenente-coronel Antonio Zanatta Neto, comandante do 12.º Batalhão de Polícia Militar, responsável pelo policiamento na região, atribuiu o crescimento desse tipo de crime no Centro ao momento econômico e político do país.

Para José Vicente da Silva Filho, coronel da reserva paulista e ex-secretário nacional da Segurança Pública, o alto crescimento de roubos no Centro é um indicativo de falha no policiamento. “Houve falha grosseira no trabalho das duas policiais. Esse índice [24%] é um aumento muito grande. O discurso de culpar a crise social e econômica vale para todos os locais. O que precisa ser feito é estudar o comportamento do crime frequentemente e policiar os locais de maior incidência nos horários em que há mais casos”.

Zanatta Neto, por sua vez, afirmou que a Polícia Militar do Paraná já faz esse trabalho. “Estamos trabalhando com a comunidade, ouvindo seus anseios e obtendo informações sobre as características dos suspeitos. Além disso, com base nos dados do Business Intelligence, conseguimos aplicar o policiamento de forma flexível de acordo com dia, horário e locais de maior incidência dos casos”, afirmou.

Em nota, a Polícia Militar informou que prioriza as ocorrências de risco à vida e que, recentemente, a Secretaria de Segurança Pública disponibilizou novas viaturas que foram locadas para auxiliar no atendimento das ocorrências na região e que na área central também são utilizadas motos por causa das características específicas.

O texto também destacou a importância da colaboração dos cidadãos no registro das ocorrências pelo telefone 190 e o fato de PM participar da Operação Impacto, que, desde o o último dia 14 de setembro, reúne todas as forças de segurança do Paraná em ações que contam com os helicópteros no apoio às equipes terrestres, cães farejadores e a cavalaria em atividades estratégicas em horários e locais com maior incidência de crimes, além de bloqueios de trânsito.

Reforço

O tenente-coronel Zanatta Neto afirmou que o policiamento ostensivo no Centro será reforçado nos próximos meses. “Temos um compromisso do governo de reforçar o efetivo do 12.º BPM já no início do próximo ano com policiais que passaram em concurso e estão passando pelo curso de formação. Serão mais cem policiais militares nas ruas”, salientou.

Segundo especialistas, o policiamento em regiões com alta concentração de comércios demanda mais agentes a pé e em veículos como motocicletas. O coronel José Vicente cita também o papel da prefeitura na prevenção dos crimes. “Estatisticamente, há mais crimes em áreas com problemas de iluminação e muita desordem, como pichação e sujeira nas ruas”.

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