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segurança pública

Delegados defendem que PMs que matam sejam investigados pela Polícia Civil

Entidades criticaram posição do comandante da PM, Maurício Tortato, de manter no âmbito da própria corporação as investigações sobre mortes em confronto

 | Albari Rosa/Gazeta do Povo/
(Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo/)

A Associação dos Delegados do Paraná (Adepol) e o Sindicato dos Delegados de Polícia do Paraná (Sidepol) emitiram, na terça-feira (12), uma nota conjunta em que contestam o entendimento do comandante da Polícia Militar (PM), coronel Maurício Tortato, sobre as investigações de mortes ocorridas em decorrência de intervenção policial. O militar se opôs ao fato de que as apurações de mortes causadas por PMs passassem a ser conduzidas pela Polícia Civil. Para as entidades, no entanto, esses casos devem ser apurados como “crimes dolosos”, investigados pela Polícia Civil e julgados pela Justiça comum.

“Nota-se, desde logo, um equívoco [do coronel Maurício Tortato]”, diz a nota, assinada pelo presidente da Adepol, João Ricardo Képes Noronha, e pelo presidente do Sidepol, Claudio Marques Rolim e Silva.

Publicada no último dia 4, a resolução nº 2 do Conselho Superior de Polícia indica que as investigações de mortes decorrentes de intervenção policial sejam conduzidas pela Polícia Civil. Para as entidades, a apuração externa – feita por uma corporação distinta da em que o investigado está lotado – conferiria mais transparência aos procedimentos. De acordo com a nota, a resolução soma “esforços históricos no sentido de diminuir os índices de letalidade em ações policiais e possibilitando conferir transparência na elucidação dessas ocorrências”.

As entidades policiais mencionam ainda a lei 9.299/96 e a Emenda Constitucional 45/2004, que estabelecem que as mortes em confronto devem ser investigadas como “crime doloso contra a vida praticado contra civil” e que o inquérito para apurar as circunstâncias da ocorrência devem ser encaminhado à Justiça comum, não à Justiça Militar.

Logo após a publicação da resolução do Conselho Superior de Polícia, o comandante da PM, Maurício Tortato, adiantou à Gazeta do Povo que a norma não será adotada no Paraná. A Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) – a que está vinculada a PM – informou que ainda vai pedir pareceres das corregedorias da Polícia Civil, da Polícia Militar e de sua assessoria jurídica para avaliar se adota ou não a resolução nacional. A pasta não fixou uma data para que a análise seja concluída.

Índices

Entre janeiro e novembro de 2015, a Polícia Militar do Paraná (PM) matou 196 pessoas em confronto. O número é 20% maior que o registrado em 2016. O blog Caixa Zero também mostrou que a letalidade da polícia paranaense é maior do que a de qualquer estado dos Estados Unidos.

Segundo a organização não-governamental Human Rigths, o número de mortes decorrentes de ações policiais também aumentaram, no ano passado, em São Paulo e no Rio de Janeiro, em uma proporção de 97% e 40%, respectivamente.

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