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A perda de um braço, de uma perna, de movimento - poucas tragédias mudam tanto a vida das pessoas quanto uma mutilação. Elas lembram guerras - ou acidentes violentos. Um amputado é quase sempre vítima de um trauma assim.

Mas a maior causa de amputações no Brasil é uma doença previsível e tratável. Os números são assustadores. O alerta é da Sociedade de Diabéticos.

Na sala de fisioterapia, há um jovem engenheiro que foi vítima de um acidente de moto. Já o motorista profissional bateu com o carro. Mas eles são exceções no centro da Associação Brasileira de Reabilitação (ABBR) do Rio de Janeiro.

A maior parte das amputações no Brasil não se deve a acidentes como poderia se imaginar. O número é oficial. Segundo o Ministério da Saúde, 70% das cirurgias para retirada de membros no Brasil são por causa do diabetes. Esse número poderia ser bem menor.

São 55 mil amputações por ano no Brasil de pacientes diabéticos. O trauma chega em um momento da vida em que a idade faz a mutilação ficar ainda mais difícil. A aposentada Maria Figueiredo, aos 66 anos, sonha com a possibilidade de usar uma prótese: "Não vejo a hora de poder andar em casa".

Os médicos chamam a atenção para os primeiros sintomas da doença: sede e fome exageradas; vontade constante de urinar; cansaço; perda de peso; visão embaçada e, principalmente, dificuldade de cicatrização de machucados.

O motorista Roberto Barreto se arrepende de não ter se preocupado quando os sinais apareceram: "Estava fazendo tratamento, parei de tomar remédio. Estava dirigindo, feri o dedo, abafei com o sapato. Deu gangrena".

O presidente da Sociedade de Diabéticos do Rio de Janeiro, Jackson Caiafa, diz que não são só os pacientes que precisam ficar atentos. Para ele, a falta de conhecimento dos próprios médicos dificulta a identificação dos primeiros sintomas: "Trabalhos internacionais mostram que quando se aplica um modelo de educação, de cuidado precoce, pode-se diminuir em até 80% as amputações".

Os médicos dizem que apesar das dificuldades a amputação não deve ser encarada como uma condenação. É o que o que prova o motorista Roberto. Ele aos poucos está voltando a andar e até a jogar futebol: "Caminhando bem, subo morro, desço escada. Tomo o remédio certinho agora".

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