O gosto de Elisangela Martins pelas cartas começou a ser cultivado nos bancos escolares, quando ela tinha dez anos e morava em Jaboatão dos Guararapes, em Pernambuco. Mas o hábito só virou paixão três anos depois, quando passou a se corresponder com frequência, com pessoas de vários estados. Enfrentou certa resistência de familiares e teve que escrever às escondidas. “Minha mãe falava que era perda de tempo e não me deixava escrever. Eu tinha que combinar com o porteiro do meu prédio para ele só entregar as cartas para mim”, lembra Lily.
Os temas das cartas variam dos fatos mais corriqueiros a segredos íntimos. Uma adolescente de Santa Catarina, por exemplo, narrava que sofria violência doméstica: apanhava do pai e tinha medo de que “acontecesse o pior”. Outra missivista contou em carta da morte do marido. “Apesar de triste, era uma carta muito serena”, apontou. Dez anos atrás, quando chegou a São José dos Pinhais, ela estranhou o jeito “frio” das pessoas daqui. As correspondências foram uma ajuda e tanto. (FA)
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