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Fraude

Doações a SC eram vendidas em brechó

Empresário preso ontem buscou donativos de caminhão. Alimentos e roupas eram revendidos em Florianópolis

Doações em ginásio de SC em novembro do ano passado: material desviado | Rodolfo Bührer/Gazeta do Povo
Doações em ginásio de SC em novembro do ano passado: material desviado (Foto: Rodolfo Bührer/Gazeta do Povo)

Florianópolis - Cerca de 330 mil peças de roupas e alimentos doadas para os atingidos das enchentes em novembro e dezembro do ano passado, em Santa Catarina, foram apreendidas em um galpão, anexo a um brechó, na cidade de Rio Negrinho, no Planalto Norte do estado. O empresário e dono do brechó, Ismael Evelson Ratzkob, 37 anos, foi preso em flagrante. Em depoimento, ele informou para a polícia que pegava os produtos em Ilhota, uma das cidades mais atingidas pela tragédia, e os levava para um depósito particular onde vendia peças para a população por até R$ 1. Ismael teve prisão temporária decretada.

"Isso nos causa uma grande indignação. Pessoas inescrupulosas se aproveitando das boas intenções de quem doou e da desgraça alheia para proveito próprio. É revoltante. A polícia já abriu inquérito para que se identifiquem os culpados", disse o secretário de Justiça e Cidadania de Santa Catarina, Justiniano Pedroso. O diretor estadual de Defesa Civil, major Márcio Luz Alves, defende que os culpados sejam punidos exemplarmente. "A polícia tem que saber qualificar este tipo de crime. Infelizmente, em situações de desastre e caos, a gente não consegue identificar quem é ou não honesto", ponderou o oficial.

A Polícia Civil de Rio Negrinho, por meio do inquérito, vai apurar se houve participação de funcionários da prefeitura de Ilhota na liberação das doações. Segundo o delegado da cidade, Procópio Batista Neto, poderá ocorrer o indiciamento de outras pessoas por corrupção, crimes tributáveis e falsidade ideológica. Entre os suspeitos do desvio de donativos estão alguns funcionários públicos.

De acordo com as declarações, o empresário buscava o material em um galpão da prefeitura de Ilhota, Vale do Rio Itajaí, onde ocorreram 47 das 135 mortes durante a enchente. Foram pelo menos 10 viagens feitas com um caminhão para transportar os produtos até Rio Negrinho. Ele disse que o material era liberado pelos próprios funcionários da Prefeitura. "Não vejo qualquer problema em revender. É sobra da enchente. Estas roupas e alimentos seriam enterrados ou jogados no lixo", afirmou Ratzkob à polícia.

A advogada do empresário, Patrícia Noronha, não quis comentar o caso. "Sobre isso eu não vou falar. O processo está bem no início, as investigações estão em andamento. O acesso aos autos hoje (ontem) foi muito rápido. Não tenho como analisar as provas, se existem provas.’’ Mesmo evitando comentários, ela disse que tinha entrado com um pedido de relaxamento da prisão de Ratzkob na Justiça.

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