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| Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo

O Hospital Evangélico de Curitiba suspendeu atendimentos emergenciais a pacientes do Samu, Siate e da Central de Leitos e cancelou o agendamento de cirurgias eletivas desde a segunda-feira (21). Em crise há pelo menos quatro anos, o hospital ampliou a lista de restrições, que normalmente era restrita ao pronto-socorro. A falta de recursos é grave e, se não houver mudanças no cenário financeiro, na próxima segunda (28) o hospital vai sus pender os exames laboratoriais e de imagens e as consultas ambulatoriais.

Segundo nota divulgada pela assessoria de imprensa do hospital, as suspensões são uma espécie de medida de segurança tomada para garantir o mínimo necessário ao funcionamento do hospital. “O contingenciamento foi a única medida encontrada para garantir que os insumos necessários ao tratamento de pacientes internados não se esgotem”, diz o texto.

A assessoria ressalta que a suspensão ocorre temporariamente, embora ainda não seja possível prever uma data para a normalização dos atendimentos. Isso vai depender, conforme a nota, das condições da instituição para “redimensionar seus serviços diante dos recursos contratualizados e disponibilizados pelo Poder Público”.

O hospital, cujo atendimento é destinado a 95% dos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), está imerso em dívidas que, em junho deste ano, já chegavam a R$ 346 milhões. As verbas federais destinadas à unidade chegam por meio da prefeitura de Curitiba, que garante manter todos os repasses “criteriosamente em dia”. A administração municipal, também por meio de nota, acrescentou que está em vias de formalizar uma série de demandas junto ao Ministério da Saúde pedindo a ampliação de recursos para o hospital.

Segundo a Secretaria Municipal da Saúde, até agora já foram destinados R$ 91 milhões ao Hospital Evangélico este ano. Deste total, R$ 79,3 milhões entraram como receita líquida na conta corrente do hospital e os outros R$ 11,7 milhões foram direcionados diretamente ao pagamento de empréstimos bancários contraídos em gestões anteriores da instituição e que são descontados mensalmente.

Sistema em discussão

O Hospital Evangélico faz parte do conjunto de quatro hospitais de Curitiba que recebe pacientes oriundos do Samu e do Siate. Com a restrição, os hospitais do Trabalhador, Cajuru e das Clínicas passam a concentrar toda a demanda, o que pode sobrecarregar o sistema. Por enquanto, a prefeitura não possui um balanço da situação.

As condições preocupantes do Hospital Evangélico são tema de uma audiência pública que ocorre na tarde desta quinta-feira (24). Segundo o Ministério Público do Trabalho do Paraná (MPT), o objetivo do encontro é discutir responsabilidades e ações para manter a prestação de serviços de saúde pelo Evangélico. Dezenas de representantes, entre eles dos governos municipal e estadual, da Justiça do Trabalho e de sindicatos, foram convidados para participar da conversa.

Sem salário

Além da falta de verbas e suprimentos, o Evangélico pode ser afetado ainda por uma paralisação de parte de seus trabalhadores. Cerca de 30% dos funcionários da instituição vinculados ao Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Curitiba (Sindesc) não receberam os seus salários, que deveriam ter sido depositados no quinto dia útil de novembro. A informação é do diretor-tesoureiro da entidade, Natanael Marchini. Os trabalhadores avaliam a possibilidade de paralisação em assembleia nesta quinta, a partir das 18h.

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