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| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

A maior greve de ônibus em Curitiba desde 1994 acaba depois de oito dias com a garantia do presidente da Urbs, José Antônio Andreguetto, de que a tarifa não vai voltar a subir até fevereiro de 2018. O aumento de 15% no vale-alimentação dos motoristas e cobradores não estava incluído na nova tarifa de R$ 4,25, que já está sendo paga pelo usuário desde fevereiro e representa R$ 5,4 milhões para os cofres da Urbs. O montante, porém, não vai sair do bolso do passageiro e sim da Urbs e da Comec, que repassará o custo às empresas. “Em hipótese alguma a passagem sobe até fevereiro de 2018”, declarou. Após a audiência na última terça-feira (21), o presidente do sindicato das empresas de transporte, Maurício Gulin, tinha afirmado que o acordo era essencial para que não se pensasse em um novo aumento.

Com fim da greve no transporte, ônibus voltam a circular normalmente em Curitiba

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Entenda o acordo que pôs fim à greve

A greve do transporte coletivo em Curitiba e Região Metropolitana chegou ao fim após acordo entre motoristas, cobradores, empresas de transporte, Urbs e Comec, que vai pagar 6% de reajuste nos salários dos trabalhadores, 15% de aumento no vale-alimentação, que passa de R$ 500 para R$ 575 e um abono salarial de R$ 400, que será pago em maio de 2017 pela Urbs e junto com as férias do trabalhador, no caso da Comec.

Enquanto os trabalhadores abriram mão de 10% de aumento salarial e R$ 700 no vale,-alimentação os empresários aumentaram a proposta inicial de 6% de aumento no vale, o que representaria cerca de R$ 30 a mais no benefício pago mensalmente.

Com o acordo, o salário base de motoristas passa de R$2.002 para R$ 2.112,12 e dos cobradores sai de R$ 1.247 para R$ 1.321,82.

De acordo com Andreguetto o aumento tarifário em 15% em 6 de fevereiro foi essencial para que o passageiro não pague mais a conta - nem em dinheiro, nem com novas paralisações. “Sem esse aumento, a Urbs não teria de onde tirar nem os 6% de aumento, muito menos o retroativo a ser pago aos trabalhadores. Essa foi uma matemática financeira para que não exista mais atrasos nos repasses e nem mais paralisações, o que não vinha sendo feito”, disse.

Apesar de aparentar certa passividade diante dos dias de greve, a Urbs teve papel decisivo nas negociações no TRT, delimitando o máximo de 6% de aumento nos salários, que já teria sido incluído na tarifa de R$ 4,25 e nos cálculos tarifários feitos pela companhia (veja mais sobre o acordo ao lado). “Se já estamos tirando leite de pedra com o aumento do vale, se o aumento fosse valor, teríamos que tirar leite de montanha”, desabafou Andreguetto.

De onde vai sair o dinheiro?

A diferença de valores do vale-alimentação acordado com os trabalhadores - que passou de R$ 500 para R$ 575 - será colocada nas planilhas de custos da Urbs e Comec e entrará na conta durante a definição da nova tarifa técnica, valor repassado às empresas pelos dois órgãos, que deve ser definida a partir da homologação do acordo no Tribunal Regional do Trabalho (TRT). Definido o valor, ele será pago retroativamente às empresas.

De acordo com Andreguetto, a tarifa técnica deve ficar entre R$ 4 e R$ 4,10. Hoje, mesmo com o aumento da tarifa, o valor repassado para as empresas do transporte é de R$ 3,66. “Com o acordo homologado, vamos calcular essa tarifa-técnica incluídos todos os gastos, inclusive o novo vale-alimentação”, afirmou.

A intenção da Urbs é que, com o valor acumulado no Fundo de Urbanização - os R$ 0,59 a mais (diferença entre o que é pago pelos passageiros desde 6 de fevereiro e o que é repassado às empresas ) pague não só os novos ônibus, que serão adquiridos pelas empresas e reembolsados pela Urbs em 120 vezes, mas também por uma tarifa-técnica mais alta em fevereiro de 2018, que, de acordo com Andreguetto, pode chegar a R$ 4,31. “Com o fundo, estamos cobrando do passageiro agora para repassar para as empresas depois. Invertemos a lógica”, comentou.

Mesmo assim, o presidente da Urbs descarta qualquer aproximação com os R$ 4,57 que os empresários afirmam que seriam necessários para cobrir o rombo no sistema de transporte. “Não há nenhuma projeção que aponte para isso. Vamos pagar exatamente o que é devido”, definiu Andreguetto.

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