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Sumiço de Anderson passou a ser investigado pelo Tigre, especializado em sequestros | Arquivo de  família
Sumiço de Anderson passou a ser investigado pelo Tigre, especializado em sequestros| Foto: Arquivo de família

Sindicatos, entidades e movimentos sociais planejam uma manifestação no Centro de Curitiba para a próxima quinta-feira (18) para chamar a atenção da sociedade sobre o desaparecimento do jornalista cinematográfico Anderson Leandro da Silva, de 38 anos. O desaparecimento completou seis dias nesta terça-feira (16) e o movimento será organizado caso ele não seja encontrado até a próxima quinta. As entidades também pretendem cobrar rigor e agilidade das autoridades nas investigações.

A caminhada ocorrerá sob o slogan "Cadê Anderson Leandro?". Os manifestantes vão se reunir pela manhã na Praça Tiradentes, de onde devem seguir em passeata até a Boca Maldita, passando pelo Calçadão da Rua XV de Novembro. Camisetas com fotos do jornalista desaparecido serão confeccionadas para o evento. Segundo o Sindicato dos Jornalistas do Paraná (Sindijor-PR), mais de 20 entidades estão organizadas para pressionar pela solução do caso.

"O desaparecimento nos deixa muito preocupados, porque pode ter sido motivado pela atuação profissional de Anderson como jornalista. Se essa hipótese for confirmada, estaremos em extremo alerta, porque representará um claro atentado à democracia e ao acesso da informação, da verdade", disse o presidente do Sindijor-PR, Guilherme Carvalho.

Os familiares do jornalista acreditam que o desaparecimento possa estar relacionado à atuação dele na cobertura de movimentos sociais. Segundo a família, Anderson Leandro detém o maior acervo de imagens de conflitos relacionados às pressões dos movimentos populares do Paraná. Em 2008, ele chegou a ser atingido por um tiro de bala de borracha, disparado por um policial militar, durante a desocupação de uma área no bairro Fazendinha.

Investigações

No início da tarde desta terça-feira, o delegado Sivanei de Almeida Gomes, chefe do Grupo Tigre, unidade de elite da Polícia Civil especializada em casos com reféns, disse que a polícia não tem pistas do paradeiro de Anderson Leandro. Sem novos elementos, o responsável pelo caso afirmou que todas as hipóteses serão levadas em conta pela polícia ao longo das apurações. "Vamos investigar tudo com calma. Não posso afirmar que foi crime político, mas vamos investigar também essa possibilidade", disse o delegado.

O Grupo Tigre entrou no caso na tarde de segunda-feira (15), depois de a família do jornalista ter cobrado maior rigor nas investigações e terem sido divulgados indícios de que Anderson Leandro teria sido vítima de uma emboscada. Para os familiares, ele pode ter sido sequestrado. Para o Sindijor, o fato de o Tigre ter entrado no caso representa um avanço, porque a polícia passa a considerar a hipótese de o jornalista ter sido vítima de uma emboscada.

"Com o caso passando para o Grupo Tigre, a principal hipótese passa a ser a de sequestro, de crime político. Antes, [o caso] estava sendo tratado como mero desaparecimento", avaliou Guilherme.

Ameaças

O Sindijor-PR também demonstra preocupação com relação aos desdobramentos do caso. Pelo menos mais um jornalista foi ameaçado por postar em mídias sociais comentários sobre o desaparecimento de Anderson Leandro. "Isso demonstra que não foi um simples sumiço, que pode ter sido um crime político", afirma o presidente do sindicato.

O desaparecimento

Anderson Leandro saiu de sua produtora, no bairro Rebouças, em Curitiba, pouco depois das 12h30 de 10 de outubro, a bordo de uma van Kangoo (placas AON-8615). Ele iria a Quatro Barras, na Região Metropolitana de Curitiba, onde se reuniria com um cliente para fazer um orçamento, mas não chegou à cidade. Câmeras de monitoramento instaladas nas entradas do município não registraram a passagem do veículo.

A família pediu a quebra do sigilo telefônico do jornalista. O rastreamento do celular apontou que Anderson Leandro recebeu ou fez uma ligação, já próximo a Quatro Barras, meia hora depois de ter saído da produtora. No dia seguinte – 11 de outubro – a operadora de telefonia captou que o celular dele esteve nos bairros Tarumã e Parolin, em Curitiba. Após isso, o aparelho perdeu o sinal.

O suposto cliente, com quem Anderson Leandro se reuniria, não voltou a entrar em contato com a produtora, cobrando o jornalista pela ausência. Por isso, os familiares acreditam que alguém tenha se passado por cliente para atraí-lo.

A conta bancária do jornalista não foi movimentada. A Kangoo e os documentos da vítima também não apareceram. Até o início da tarde desta terça-feira, ninguém havia feito contato com a família ou com a polícia, pedindo resgate. A falta de um elemento novo frustrou irmãos de Anderson Leandro, que acompanharam a entrevista coletiva do Grupo Tigre.

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