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Para o assessor pedagógico Mateus Prado, fundador da ONG Henfil Educação e Sustentabilidade, de São Paulo, e autor de materiais didáticos sobre o Enem, a disputa por novos estudantes faz com que algumas escolas criem artifícios nada pedagógicos para garantir uma pontuação melhor nas provas.

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Colégios que estão no topo do Enem têm qualidade reconhecida

O consultor educacional Renato Casagrande concorda que a separação dos alunos em unidades diferentes, para obter uma posição melhor no ranking do Enem, distorce os resultados. Mas, segundo ele, as primeiras colocadas do Paraná estariam bem posicionadas mesmo se fosse considerado o total de alunos matriculados.

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No Paraná, a lista das escolas mais bem colocadas no Enem 2014 mostra que existem diferenças significativas nas notas de unidades diferentes da mesma instituição de ensino. Essa situação se repete no restante do país?

Em São Paulo, temos o caso da primeira colocada no país, o Colégio Objetivo. As duas unidades do Objetivo (a que ficou em 1.º lugar e a que figura na posição 569) têm o mesmo endereço. O colégio separa salas desde o primeiro ano do ensino médio e traz para elas estudantes das suas franquias que tiram nota maior, dá bolsas para esses alunos. As duas unidades do Objetivo têm o mesmo professor, o mesmo horário, tudo igual, mas CNPJs diferentes. Das dez primeiras colocadas neste ano, oito adotam esse procedimento. Isso acontece no Brasil todo.

A ampla maioria dos pais não vai conseguir matricular o filho na escola divulgada como a primeira colocada no Enem.

Mateus Prado, assessor pedagógico.

Que estratégias são usadas por essas escolas para selecionar os alunos das “unidades especiais”?

Simulados. Eles pegam os alunos que têm melhores notas nos simulados. Primeiro captam alunos internamente e depois externamente, tirando estudantes de outras escolas particulares ou de escolas públicas, com bolsas para os mais bem posicionados em simulados abertos no 5.º e 9.º anos do ensino fundamental e em provas no primeiro, segundo e terceiro anos do ensino médio. A bolsa não é para ajudar o aluno, é para ajudar a escola.

A imprensa e os colégios erram ao construir rankings?

As escolas erram quando fazem a propaganda. Essa estratégia engana alguns pais, mas a ampla maioria não faz a matrícula por esse critério. Até porque a ampla maioria não vai conseguir matricular o filho na escola divulgada como primeira colocada.

Como a avaliação poderia refletir de fato o que a escola acrescentou ao aluno?

Se houvesse uma prova com mesma força do Enem no 9.º ano do ensino fundamental, seria possível ver quanto o aluno aprendeu na escola. O correto é mostrar onde estou e aonde cheguei.

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