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Um escrivão da polícia civil de Araucária, na região metropolitana de Curitiba, e um falso advogado foram presos acusados de extorsão na manhã desta sexta-feira (10). Além deles, um casal de supostos traficantes, cujo homem teria se beneficiado do esquema para sair da prisão, também foi detido. De acordo com investigação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Paraná (MP-PR), o escrivão Gilberto Mansilha Ramos e R.R., estelionatário que se passava por advogado, cobravam dinheiro das pessoas que haviam sido presas. Mediante o pagamento, o preso era liberado.

O esquema foi denunciado pela mulher de um homem que havia sido preso e não foi solto porque devia um pagamento de uma detenção anterior. Na casa de Ramos, a polícia encontrou R$ 20 mil. Ele foi acusado de concussão (extorsão praticada por servidor público).

Segundo as investigações, uma equipe da Polícia Militar deteve um grupo de oito pessoas que estariam consumindo drogas dentro de uma oficina mecânica na noite de 29 de novembro. Dos oito detidos no local, segundo informações do Gaeco, somente dois foram realmente presos.

Na delegacia, foi lavrado auto de prisão em flagrante somente contra o proprietário do estabelecimento. Um outro homem passou a noite na carceragem e foi liberado na manhã seguinte, depois de pagar R$ 6 mil referentes a um acerto com Ramos e R.R. Ainda está sendo investigado se os outros seis detidos foram liberados mediante pagamento.

O acordo foi negado para o dono da oficina porque em uma prisão anterior ele não teria efetivado o pagamento combinado. Os familiares dele conversaram com a família do preso liberado e foram orientados a contratar R.R, que intermediou o acerto na delegacia com o escrivão.

A família gravou a conversa com o advogado, que confirmou a existência do acerto para a liberação. R.R abriu a possibilidade para a família do dono da oficina conseguir o mesmo benefício, realizando o pagamento dos honorários advocatícios, que seriam repassados para a sua liberação.

De acordo com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Paraná, R.R. não possui registro na entidade. O MP-PR vai oferecer denúncia criminal do caso nos próximos dias.

O promotor de Justiça e coordenador do Gaeco, Vani Antonio Bueno, acredita que os detidos na operação serão ouvidos até terça-feira (14). Ele também garantiu que as investigações continuam para que sejam identificadas mais pessoas envolvidas no esquema bem como outros possíveis beneficiados pela manobra.

Segundo o advogado de Ramos, Antonio Henrique Amaral Rabello, o dinheiro encontrado na casa do escrivão faz parte de uma economia de família e parte do valor encontrado pertence aos filhos dele. "Se existe participação de um advogado que pedia dinheiro dizendo que era para o escrivão, esse indivíduo terá que responder por isso, porque o Gilberto não recebeu dinheiro de ninguém", diz.

Para Rabello, as acusações contra o escrivão surpreendem por se tratar de uma denúncia contra "um funcionário de carreira bem conceituado". A expectativa do advogado é que Ramos seja ouvido já na próxima semana e possa ser liberado.

As gravações feitas pela família foram entregues ao Gaeco e divulgadas nesta quinta-feira (9). Confira as conversas na íntegra:

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