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Cega desde os 7 anos, Luzia consegue sentir o que é bom e ruim na cidade | Hugo Harada/ Gazeta do Povo
Cega desde os 7 anos, Luzia consegue sentir o que é bom e ruim na cidade| Foto: Hugo Harada/ Gazeta do Povo

Jeitinho especial de admirar o que é nosso

Um motorista de ônibus poderia apenas reclamar do veículo lotado e da dificuldade em cumprir sempre o mesmo trajeto. Mas Márcio José Joff vê o trabalho – de repetir o caminho do ônibus várias vezes ao dia – como uma chance de conhecer Curitiba. Assim como ele, o ciclista Rosemburg Lopes Junior aproveita para admirar a cidade enquanto pedala de casa ao trabalho. Já a gerente comercial Laurita Utrabo tem o privilégio de ver a capital de um ângulo que poucos enxergam: do prédio mais alto.

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Como as pessoas percebem Curitiba?

Trezentos e dezenove anos, 434 quilômetros quadrados, 75 bairros com quase um 1,8 milhão de habitantes. A maior cidade do Sul do Brasil tem diversos monumentos históricos e modernos de onde é possível vê-la em variados ângulos. Cada pessoa tem um ponto de vista diferente, de acordo com a profissão, características pessoais ou com o lugar onde está. É o caso dos cinco personagens que aceitaram nos contar, no especial de Curitiba, sobre como eles enxergam e percebem a capital paranaense.

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O nome dela é Luzia da Luz Silveira, 43 anos. Ela nasceu em 8 de setembro, dia da padroeira de Curitiba, Nossa Senhora da Luz dos Pinhais. Apesar das referências à luz, ela já não pode ver a claridade desde os 7 anos. Vítima de um glaucoma, Luzia perdeu a visão ainda criança, o que a fez adaptar seu modo de ver. Através dos outros sentidos, ela consegue descrever a capital paranaense tão bem quanto se tivesse os olhos perfeitos.

Luzia relata com precisão os locais que mais gosta (e até aqueles que não gosta) na cidade onde vive desde os 2 anos. Ela ainda se lembra das cores e formas, o que a ajuda a imaginar, com o auxílio do que as pessoas falam dos locais e com o que percebe pelo cheiro ou som dos ambientes. "Eu sinto o cheiro e escuto até o que não quero", diz, sorrindo.

Natural de Campo Mou­­­rão, ela abraça as origens do interior e prefere estar perto da natureza. Por isso, elege o Parque Barigui um dos locais mais prazerosos para visitar. "É um lugar que traz muita paz e tranquilidade. Eu gosto do cheiro do mato, se pudesse viveria em um espaço bem rústico". O parque, inclusive, traz boas recordações para ela. "A primeira vez que conheci o lugar foi logo após a morte do meu marido, em 1998. Uma amiga me convidou para passear. Nesse dia me senti bem porque fiquei mais próxima dela, pois estávamos afastadas, e sentamos embaixo de uma árvore, com meu filho no colo, que tinha 6 meses."

Durante a entrevista, ela comentou que tinha interes­­­se em conhecer o Jardim Bo­­­tânico. A equipe a levou para o local, onde os dois filhos a ajudaram na percepção da paisagem, descrevendo as árvores, canteiros de flores e chafarizes. "É desse tipo de lugar que eu gosto", comenta.

Os sentidos aguçados a ajudam a perceber até as imperfeições da cidade, não só das calçadas esburacadas que ela pode encontrar no caminho. Ela descreve o Terminal do Guadalupe e as ruas próximas, no Centro, como uma das regiões mais abandonadas. "Não aguento o cheiro daquele lugar. Com todo o respeito ao nosso prefeito, parece que a prefeitura esqueceu daquela região."

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