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O geógrafo Ceslau Makovski, da Sanepar, sente orgulho de ver a cidade do Reservatório Cajuru | Diego Pisante/ Gazeta do Povo
O geógrafo Ceslau Makovski, da Sanepar, sente orgulho de ver a cidade do Reservatório Cajuru| Foto: Diego Pisante/ Gazeta do Povo

Jeitinho especial de admirar o que é nosso

Um motorista de ônibus poderia apenas reclamar do veículo lotado e da dificuldade em cumprir sempre o mesmo trajeto. Mas Márcio José Joff vê o trabalho – de repetir o caminho do ônibus várias vezes ao dia – como uma chance de conhecer Curitiba. Assim como ele, o ciclista Rosemburg Lopes Junior aproveita para admirar a cidade enquanto pedala de casa ao trabalho. Já a gerente comercial Laurita Utrabo tem o privilégio de ver a capital de um ângulo que poucos enxergam: do prédio mais alto.

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A capital descrita por quem não pode vê-la

O nome dela é Luzia da Luz Silveira, 43 anos. Ela nasceu em 8 de setembro, dia da padroeira de Curitiba, Nossa Senhora da Luz dos Pinhais. Apesar das referências à luz, ela já não pode ver a claridade desde os 7 anos. Vítima de um glaucoma, Luzia perdeu a visão ainda criança, o que a fez adaptar seu modo de ver. Através dos outros sentidos, ela consegue descrever a capital paranaense tão bem quanto se tivesse os olhos perfeitos.

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Trezentos e dezenove anos, 434 quilômetros quadrados, 75 bairros com quase um 1,8 milhão de habitantes. A maior cidade do Sul do Brasil tem diversos monumentos históricos e modernos de onde é possível vê-la em variados ângulos. Cada pessoa tem um ponto de vista diferente, de acordo com a profissão, características pessoais ou com o lugar onde está. É o caso dos cinco personagens que aceitaram nos contar, no especial de Curitiba, sobre como eles enxergam e percebem a capital paranaense.

Privilégio de cenário a partir da caixa d’água

Passar a noite no local de trabalho pode parecer entediante quando falta distração. Para os funcionários do Reservatório Cajuru, entretanto, esse tipo de escala de trabalho rende boas histórias. Isso porque, no local, está a famosa caixa d’água do bairro Alto da XV, um dos pontos de Curitiba com a melhor vista da cidade e da região metropolitana. Incluída no projeto para ser um dos quatro reservatórios de abastecimento de água da capital na metade do século 20, a caixa d’água tem 26 metros de altura. A construção dela foi finalizada na década de 1940.

A vista privilegiada é um prato cheio para o funcionário da Sanepar e geógrafo Ceslau Elias Makovski, 42 anos. Há 17 anos ele trabalha no local e não esconde a paixão profissional e pessoal de subir no alto da caixa d’água e admirar a vista, em especial o contraste que ela pode causar. "De um lado (vista de Pinhais) vemos a Serra do Mar preservada e, do outro (Centro de Curitiba), um paredão de concreto. Em minhas aulas, quando eu podia trazer os alunos aqui, mostrava os pontos da cidade e explicava por que ela foi construída dessa maneira", comenta.

Urbanismo

Makovski se refere ao pla­­­­no urbanístico da cidade, o Plano Agache, idealizado pe­­­­lo arquiteto e urbanista francês Alfredo Agache. Executado no início da década de 1940, o projeto orientou o poder público até 1958 e deixou marcas visíveis. A construção de grandes edifícios na cidade segue, até hoje, parte dos moldes do plano, com prédios em torno das principais avenidas que ligam o Centro aos bairros, como a República Argentina e João Gualberto.

Filmagens

Com quase duas décadas de trabalho no local, Makovski já viu novela ser filmada nos arredores da caixa d’água, acidentes de trânsito e confusões, em especial no réveillon. O lugar fica lotado de pessoas que conseguem subir lá, no dia 31 de dezembro, à espera da virada do ano. Essas pessoas são privilegiadas, pois só sobem a convite. "Alguns até tentam entrar no terreno do reservatório para ir à caixa d’água e ver os fogos", conta. Por questão de segurança, o local não é aberto à visitação e os funcionários impedem as pessoas de atravessarem o portão. "A vista é só nossa", brinca.

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