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Quase todos os dias alguma coisa é inaugurada em Curitiba, seja uma rua, um parque ou um edifício. Quando esses espaços são entregues à população, raramente paramos para pensar qual foi, afinal, o primeiro da cidade e nos limitamos a ver o que chega de novo. Contrariando essa tendência, buscamos um jeito curioso de avaliar os avanços urbanos da capital paranaense. Antes de ler a matéria, você arriscaria dizer qual foi a primeira e última rua de Curitiba?

Da rua do Bonifácio à rua da poetisa

Maria do Carmo do Amaral Silva nasceu em Ponta Grossa em 1916, formou-se professora no Instituto de Educação do Paraná, publicou o livro de poesias Retratos D’Alma e diversas crônicas na imprensa, sob o pseudônimo Dora Lindsey. Hoje, a poetisa dá nome à mais nova rua de Curitiba, no Novo Mundo, de acordo com o Ippuc e conforme registro no Diário Oficial do município de janeiro de 2012. Se este é o logradouro mais recente da cidade, qual seria o mais antigo? A resposta está no livro Ruas e histórias de Curitiba, de Valério Hoerner Júnior, que explica: em 1668, com a instalação do Pelourinho da Vila de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, no antigo Pátio da Capela, hoje Praça Tiradentes, os moradores que levantaram suas casas ao redor do pátio começaram a abrir caminhos, criando vielas e travessas. Uma delas, que constituiu o primeiro traço do desenho atual da cidade, foi a Rua Fechada, assim apelidada por terminar na capela – atual Catedral Basílica. A partir de 1886, ela passa a se chamar José Bonifácio, em homenagem ao patriarca da independência do Brasil. A ruazinha existe até hoje.

1º arranha-céu é formiguinha perto dos novos

Desde 1995, o prédio mais alto da capital é o Curitiba Trade Center, com 34 andares e 147 metros. Porém, um novo empreendimento promete desbancar o "prédio do relógio": em 2014 será inaugurado no Centro da cidade o Universe Life Square, com 152 metros e 44 pavimentos. Tão suntuosas torres fariam do primeiro arranha-céu paranaense uma formiguinha. Construído em 1927 na esquina da Avenida Luiz Xavier com a Voluntários da Pátria, o edifício Garcez tinha apenas cinco andares, mas já era o terceiro maior do Brasil. Com o tempo, o prefeito João Moreira Garcez – que era o dono do prédio – conseguiu alvará para levantar mais três andares, chegando a oito. Isso porque, segundo o colunista da Gazeta do Povo Cid Destefani, uma lei da época isentava o edifício mais alto da cidade de pagar impostos municipais. Para erguer o Garcez, foram usados troncos de eucalipto embebidos em óleo cru, cimento e ferro importados da Alemanha, além de trilhos ferroviários para estruturar a edificação, que já foi sede de consulado, cassino, da Federação Paranaense de Futebol e entrada do Cine Palácio.

Teatro virou prisão de rebeldes

Antes de ser o endereço da Biblioteca Pública do Paraná, o terreno da rua Dr. Muricy com a Cândido Lopes abrigou o Theatro São Theodoro, o primeiro da cidade. Suas portas foram abertas em 1884 e, durante dez anos, seu palco foi o coração da vida cultural curitibana. Porém, com a Revolução Federalista, o local se transformou em prisão de rebeldes e só foi reinaugurado em 1900, sob o nome Theatro Guayrá. Em 1939, com sua demolição, a Academia Paranaense de Letras lidera o projeto de construção de um novo espaço, iniciando, em 1952, as obras do atual Teatro Guaíra, na praça Santos Andrade. O primeiro auditório a ser erguido foi o Salvador de Fer­­­­rante, seguido do Bento Mu­­­nhoz da Rocha Netto e, só em 1975, do Glauco Flores de Sá Brito. Até 2008, quando foi inaugurado o Teatro Positivo, o Guairão era o maior auditório de Curitiba, com 2.173 lugares. Inspirado no teatro grego Epidaurus, do século IV a.C., o mais novo teatro da cidade supera o outro, com 6 mil metros quadrados de área e 2,4 mil assentos. É considerado um dos mais modernos do Brasil.

Parques que preservam as áreas verdes

Há duas semanas foi anunciada a criação do 25.º parque de Curitiba, o Vista Alegre das Mercês. Contudo, o mais recente a ser inaugurado é o Parque Italiano, que desde março de 2010 faz parte do dia a dia de quem mora no Butiatuvinha. Com 70 mil metros quadrados, a área oferece trilhas para caminhada, queda d’água e um relógio de sol. Em junho desse ano, a cidade ganha também o Parque da Imigração Japonesa, às margens do Rio Iguaçu, que promete ser o novo cartão postal para quem chega à cidade pelo aeroporto Afonso Penna. A tradição curitibana de preservar áreas verdes dentro da cidade começou em 1886, com a inauguração do Passeio Público. A princípio, construído para canalizar o Rio Belém e melhorar o trânsito na região, que até então era puro banhado, o Passeio Público não apenas foi o primeiro parque de Curitiba, como também o primeiro zoológico. Em 1982, as espécies foram transferidas para o Zoológico Parque Iguaçu, mas algumas ainda podem ser vistas por lá, como o cágado-pescoço-de-cobra, garças e peixes da Amazônia.

Transporte do tempo da mula ao biarticulado

Quem passou a circular por Curitiba no ano passado a bordo do ligeirão azul, maior ônibus do mundo, com 28 metros de comprimento, nem imagina que até 1913 o transporte coletivo da cidade resumia-se a bondes puxados por mulas, operados pela empresa Ferro Carryl Curitybana a partir de 8 de novembro de 1887. A primeira linha fazia o percurso do Boulevard 2 de Julho – atual Avenida João Gualberto – ao Batel, mas logo os bondes à mula foram substituídos por bondes elétricos, que funcionaram até 1952. Os novos veículos eram divididos em "bond mixto" e primeira classe – somente nessa última o uso de sapatos era obrigatório aos passageiros. Após a Segunda Guerra Mundial, os bondes começaram a ser substituídos por ônibus, primeiro na linha Batel, depois Bacacheri, Guabirotuba e Trajano Reis. A linha do Portão foi a última a adotar a novidade. As vias exclusivas para ônibus expressos, que fizeram de Curitiba uma referência mundial em transporte público, só surgiriam em meados dos anos 1970.

Fontes: Valério Hoerner Júnior, Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Centro Cultural Teatro Guaíra, Grupo Educacional Uninter, Cid Destefani, Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp).

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