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A Gazeta do Povo dá início neste domingo a mais uma edição da Série Perfil, projeto editorial que vai retratar 20 personalidades da vida paranaense. A primeira versão – também com 20 perfilados – foi publicada em 2010 e contemplou nomes como o ativista ambiental Henrique Paulo Schmidlin, o Vitamina; o empresário Joanir Zonta e o pipoqueiro Edivaldo Batista Nogueira, o Didi, figura popular entre os alunos da UTFPR, entre outros. O conjunto de textos resultou num livro digital, disponível no site do jornal.

A versão 2015 inicia com a ginecologista e obstetra Helen Anne Butler Muralha, 84 anos. Ela soma 60 anos "fazendo partos", tendo trazido à luz algo próximo de 15 mil crianças. Além do trabalho no consultório, Helen mantém, quase que às próprias expensas, a Fundação Sidónio Muralha, assim chamada em homenagem a seu marido, morto em 1982, um expoente do neorrealismo português. Fazem parte da série o cicloativista Jorge Brand, o Goura; e a advogada Cláudia Silvano, diretora do Procon.

O "perfil" figura entre os gêneros clássicos do jornalismo, sendo praticado desde os anos 1930. Alguns marcaram época, como o texto do jornalista norte-americano Joseph Mitchell sobre um mendigo que circulava em volta da revista New Yorker. O trabalho deu origem ao livro O segredo de Joe Gould. Entre os grandes expoentes da arte de perfilar figuram papas como Gay Talese e Keneth Tynan, para citar dois. No Brasil, são mestres no assunto os jornalistas Ruy Castro e Joaquim Ferreira dos Santos.

A tradição tem suas regras. Não se pode pretender contar toda a vida do entrevistado. É preciso fazer escolhas de momentos, com cortes precisos. Outra característica é a parcialidade, algo raro fora dos textos de opinião propriamente ditos. Diz-se que se não houver empatia entre perfilador e perfilado, não há bons resultados. Há quem discorde, posto que há grandes perfis sobre personagens não propriamente simpáticos. O perfil de Daniela Pinheiro sobre José Dirceu, publicado na revista Piauí, é um exemplo disso.

Embates como esse mostram a vitalidade do gênero, que, inclusive, se reinventa, ganhando formatos cada vez mais híbridos. É trabalhoso para quem escreve – obrigado que é a fazer escolhas difíceis de momentos da vida do outro – e prazeroso para quem lê. A cada perfil somos apresentados a uma nova pessoa, ali exposta para além das camadas mais finas. Não foi à toa que esse tipo de texto varou o século, cativando e formando leitores.

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