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Antigos dicionários continuam valendo, mas, como não despertam mais tanto a atenção do consumidor, já se acumulam nas prateleiras das livrarias. | Daniel Derevecki/Gazeta do Povo
Antigos dicionários continuam valendo, mas, como não despertam mais tanto a atenção do consumidor, já se acumulam nas prateleiras das livrarias.| Foto: Daniel Derevecki/Gazeta do Povo
  • Como ficou a nova grafia

O hífen continua sendo o maior vilão das novas regras ortográficas, que começaram a valer no dia 1º. de janeiro. Há quem defenda que a palavra "co-herdar" não deve perder a letra H e o hífen, mas no novo dicionário lançado na última quarta-feira, pela Academia Brasileira de Letras (ABL), ela aparece escrita como coerdar. Também há dúvidas em relação aos prefixos "re-", "pre-" e "pro-", que não teriam regras claras no manual ortográfico do início do ano.

O Dicionário Escolar de Língua Portuguesa, editado pela Companhia Editora Nacional, traz 56 mudanças em palavras hifenizadas que não estavam previstas antes. As editoras, entretanto, disseram que não irão seguir as regras do dicionário porque ele não é o vocabulário oficialmente aceito, mesmo que tenha sido assinado pela ABL.

"O que vale para nós é o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp)", explica o diretor-geral da Editora Positivo, Emerson Santos, responsável pela publicação do dicionário Aurélio. O Volp é o documento que registra a grafia oficial das palavras no Brasil e deve estar pronto no início de março. A Editora Objetiva, do dicionário Houaiss, também vai esperar o Volp. A ABL foi procurada para comentar o assunto, mas não havia ninguém que pudesse atender a reportagem.

Regras ainda confundem

O acordo diz que usamos hífen "nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo termina na mesma vogal com que se inicia o segundo elemento". Exemplos: "anti-ibérico", "micro-onda", "contra-almirante" e "supra-auricular". Agora, nas formações com o prefixo "co", este aglutina-se em geral como o segundo elemento, mesmo quando iniciado por O: "coobrigação", "coocupante", "coordenar", "cooperação". O professor de português Adilson Alves, também colunista da Gazeta do Povo, explica como essa interpretação pode ter chegado à palavra "coerdar". "Tudo indica que Evanildo Bechara (da comissão de língua portuguesa do Ministério da Educação) e companhia tenham se orientado por essa observação, por isso optaram pela supressão da letra H. E aí temos a regra: quando o prefixo termina por vogal diferente do segundo elemento, temos aglutinação: ‘coirmão’, ‘coautor’, ‘coerdeiro’."

Em relação ao prefixo "re-", por exemplo, a Companhia Editora Nacional explica que prefixos seguidos da mesma vogal devem levar hífen, mas reeditar, reeleger, entre outras, viraram exceção porque o que se segue é a tradição da língua. "O acordo traz uma súmula dizendo que as palavras já consagradas permanecem como estão", diz a gerente editorial Célia de Assis. A dúvida, que até o momento está sem resposta, é se o Brasil continuará tendo palavras diferentes de outros países lusófonos, o que colocaria o acordo em xeque, já que ele foi criado justamente para unificar a língua.

A palavra "abrupto", por exemplo, no novo dicionário está escrita como "ab-rupto", mas as duas formas serão aceitas como corretas, sem que uma anule a outra. Sobre a acentuação da palavra destróier, especialistas lembram que as paroxítonas com ditongos "oi" e "ei" perdem o acento, mas neste caso prevalece a regra de que todas as paroxítonas terminadas em R são acentuadas. Para se ter certeza, entretanto, só com a publicação do Volp, em março.

Atenção

Para quem for comprar o novo dicionário é preciso estar atento: não há na capa a indicação "2ª edição". É preciso olhar na primeira página interna. Quem já adquiriu a primeira edição pode encontrar os verbetes atualizados no site www.editoranacional.com.br. Importante lembrar que as duas regras ortográficas ainda serão usadas até 2012, por isso os antigos dicionários continuam valendo. As Livrarias Curitiba receberão, na próxima segunda-feira, as novas edições com as mudanças. Sobre a troca de produtos, é preciso negociar com cada editora.

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