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 | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Natural de Londrina, o prefeito Beto Richa faz parte da maioria da população que não nasceu curitibana, mas que adotou a cidade como lar. Em seu segundo mandato, ele repercute os números da pesquisa e o retrato que ela traça dos moradores da Grande Curitiba.

A pesquisa mostra que a Grande Curitiba é formada por pessoas que nasceram na cidade e que vieram de outras regiões. Como transformar isso em uma identidade própria?

Curitiba já caminha para uma identidade consolidada, pois esta mistura começou a ser formada há algum tempo. É uma mistura positiva que tem um certo conservadorismo e tradicionalismo, mas sem receio ou preconceito de buscar a vanguarda ou a modernidade. O que acontece é que esta busca se dá de forma criteriosa, com uma exigência grande de qualidade. O curitibano não busca a inovação pela inovação, mas ações e projetos que realmente tenham qualidade para trazer melhorias.

A pesquisa mostra que 83% dos moradores sentem orgulho da cidade. No entanto, 54% acreditam que Curitiba vai continuar sendo uma boa cidade para se viver e 49% creem que ela vá resolver seus problemas. Isso mostra que a cidade está dividida quanto ao futuro. Como o senhor analisa estes números?

A pesquisa mostra que o orgulho dos curitibanos pela cidade continua em alta, que eles valorizam sua cidade, isso é um ótimo sinal, pois retrata o presente. Quanto às expectativas futuras, creio que os números refletem um pouco o conservadorismo curitibano e o cenário duvidoso nos planos nacional e global. O crescimento de Curitiba é inevitável e para que uma cidade cresça com organização, qualidade de vida e bons serviços, é fundamental a participação da população. Curitiba vai continuar sendo uma boa cidade e conseguirá resolver seus problemas à medida que a população mantenha o apreço, pois assim ela faz sua parte e colabora para que as coisas aconteçam.

Entre os entrevistados, 69% afirmaram que Curitiba está pagando alto pelo crescimento e que a qualidade de vida está caindo. É possível evitar essa tendência? Quais são os desafios de Curitiba e de que forma pretende enfrentá-los?

Por conta de seu desenvolvimento e de sua qualidade de vida, Curitiba teve um crescimento rápido nas últimas décadas, além do que se esperava. Por isso, alguns dos serviços e ações da cidade não cresceram de forma a atender este crescimento. Mas estamos trabalhando para reverter este quadro, um desafio que é possível. Queremos melhorar ainda mais, para que mantenhamos o desenvolvimento de forma sustentável e com boa qualidade de vida. A Prefeitura vai enfrentar os desafios e vai superá-los, com uma administração ousada e moderna, ao mesmo tempo austera, baseada em um contrato de gestão assinado pelos secretários municipais com metas definidas para cada área.

Um total de 82% dos entrevistados acham que a violência está crescendo muito e não é mais um problema isolado em alguns bairros, 69% têm medo de andar nas ruas e medo de ser assaltado. No entanto, 21% já foram assaltados e 19% furtados. Como explicar essa sensação de insegurança? Apesar de a segurança não ser de competência municipal, de que forma a administração municipal pode enfrentar o problema?

Falta de segurança não é um problema municipal, mas sim um problema nacional em todos os países em desenvolvimento. A administração municipal está fazendo sua parte. Contratamos 538 guardas municipais em quatro anos. Fizemos um concurso no fim do ano passado e teremos em breve mais 200 novos guardas no efetivo. Adquirimos novos equipamentos para os guardas e fazemos treinamento constantemente. Criamos a ciclo-patrulha para atender parques e ciclovias, a Guarda do Centro e o Serviço de Proteção ao Transporte Coletivo.

Inauguramos quatro novos Postos Avançados da Defesa Social, dois novos Núcleos Regionais da Defesa Social e quatro novos Núcleos de Proteção ao Cidadão. Instalamos 33 novas câmeras de segurança, no centro, no setor histórico e no Parque Barigui.

Criamos a Secretaria Antidrogas, com ações de prevenção e com a formação de uma rede de colaboração envolvendo municípios da região metropolitana. Implantamos o Programa Bola Cheia, que leva esporte em escolas do município, nos horários em que eles são atraídos para a convivência com o uso e tráfico de drogas.

Este trabalho vai continuar. Vamos implantar o policiamento comunitário por meio da Guarda Municipal. Vamos instalar centrais de monitoramento para operação em convênio com o Estado (Polícia Militar), para atender às ruas com grande volume de comércio e áreas conflagradas.

Vamos capacitar síndicos, porteiros, seguranças e funcionários de condomínios sobre procedimentos de segurança e fazer ações sociopreventivas nos bairros de maior índice de óbitos por causas externas. Vamos lançar o Programa Poty, ofertando aos jovens conhecimentos em web design e orientação para cidadania, para que possam desenvolver suas habilidades artísticas e ao mesmo tempo estabelecer novos padrões de sociabilidade, realização, valorização pessoal e geração de renda, para prevenção da criminalidade infanto-juvenil, principalmente na pichação e depredação do patrimônio público.

Mas é um problema que não depende somente do município. Para melhorar a segurança, é preciso uma grande reformulação na política de segurança dos governos federal e estadual.

Para os entrevistados, entre as piores perspectivas estão o trânsito, a ocupação irregular e a questão ambiental. Como o senhor avalia esta percepção dos moradores? Como resolver esses problemas?

São três questões que identificamos no início da gestão e para as quais temos trabalhado muito. Em habitação, na primeira gestão fizemos o maior programa em mais de 20 anos, com uma política de melhoria geral da qualidade de vida (outras áreas incluídas) e ambiental (preservação de rios), com atendimento de 30 mil famílias e investimentos de R$ 428 milhões. Este trabalho será ampliado. Vamos aumentar o atendimento na área habitacional para 40 mil famílias nos próximos quatro anos.

Lançamos o projeto EcoCidadão, já com quatro parques de recepção de recicláveis para organizar o trabalho dos catadores de papel. Vamos implantar mais 21 desses parques. Vamos implantar o Parque Linear do Cajuru na bacia do Rio Atuba e dar continuidade à implantação do Parque Linear do Rio Belém.

Quanto ao lixo, para promover o máximo aproveitamento dos resíduos e reduzir a destinação em aterro sanitário, Curitiba junto com os demais integrantes do Consórcio Intermunicipal, desenvolveu o projeto Sistema Integrado de Processamento e Aproveitamento de Resíduos (Sipar), que será implantado como alternativa para o tratamento dos resíduos sólidos domiciliares, em substituição ao aterro sanitário da Caximba. O novo projeto não prevê um aterro, mas sim uma indústria de transformação, que irá gerar empregos e aproveitará 85% dos resíduos destinados atualmente ao aterro.

Quanto ao trânsito, esta é uma questão com relação direta com o transporte coletivo. É nisso que estamos focando a atuação. Trabalhamos para incentivar o uso do transporte coletivo, com a redução da tarifa em 2005, seguida de um congelamento da mesma por um longo período, e a implantação da tarifa domingueira a R$ 1.

Também fazemos a renovação contínua da frota. Desde 2005, 854 ônibus antigos foram substituídos por novos. Com mais 324 novos veículos previstos para este ano, a renovação total será de 1.178, o que representa 62% da frota total (1.906 ônibus). A frota também vai ficar maior: 152 ônibus zero-quilômetro serão adquiridos até o fim deste ano para aumentar o tamanho da frota. Os ônibus criarão uma oferta diária adicional de 184 mil lugares.

Estamos criando o sexto corredor de transporte na Linha Verde, que terá sua segunda fase executada nos próximos anos. Vamos criar os novos ônibus Ligeirão Norte – Sul e Ligeirão Leste – Oeste. Vamos implantar a ligação entre os terminais Capão da Imbuia e Cabral, dando seqüência à ligação entre os terminais do Hauer e Capão da Imbuia já implantada.

Vamos também iniciar a implantação de 22 km do Metrô Curitibano no eixo Norte e Sul, trecho Santa Cândida/CIC Sul.

Estas ações pontuais no trânsito vão continuar. Vamos implantar o Sistema Integrado de Mobilidade, o SIM, para proporcionar mais eficiência, fluidez e segurança no trânsito de Curitiba, implantando um moderno sistema integrado de gestão da mobilidade urbana para gerenciar a circulação de veículos. A implantação deste conjunto de medidas trará potencial impacto de melhoria no trânsito de 10 a 40%, dependendo das condições da via em questão.

Também vamos ampliar a malha de ciclovias da cidade e implantar ciclofaixas. Com o novo Plano Intermodal, o atual trilho de trem será transformado em uma Rede Metropolitana de Ciclovias.

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