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Dificuldade de adaptação ao mercado gerou crise, diz diretor

O diretor Emerson Lopes, culpa as gestões anteriores pela crise que afetou a instituição. "A faculdade ficou presa demais à sua própria filosofia, ignorando o mercado que investia cada vez mais em tecnólogos, ao invés de licenciaturas", avalia. Além disso, nos últimos anos o Ministério da Educação aumentou o rigor sobre faculdades que queiram mudar seus cursos, lançando novas modalidades, o que se tornou outro obstáculo para a modernização da Espírita, diz Lopes.

Ele conta ainda que o Instituto de Cultura Espírita do Paraná, mantenedora da faculdade, já tentou vender a faculdade para outros grupos educacionais, mas problemas de documentação envolvendo as instalações físicas da instituição dificultam as negociações.

Consultado sobre a crise na Espírita, o Ministério da Educação informou que não tinha conhecimento da situação mas, como a faculdade não foi oficialmente descredenciada, não há razões para intervenção. O MEC informa, no entanto, que, apesar dos problemas, cabe à instituição garantir a vaga dos alunos em outras faculdades ou prosseguir com suas atividades.

Todos os professores e funcionários das Faculdades Integradas Espírita foram demitidos e os alunos devem ser transferidos para outras faculdades. A crise financeira que afeta a instituição desde 2005 tornou inviável o pagamento dos salários dos professores, que já denunciaram o caso ao Ministério Público do Trabalho. Mesmo que haja transferência, incompatibilidades nas grades curriculares podem atrasar a formatura dos alunos.

Os 100 docentes da instituição foram comunicados da decisão no dia 19 de dezembro e até o momento não receberam os salários do último mês de trabalho, nem a multa rescisória. "Foi golpe baixo, para dizer o mínimo", diz o ex-professor do curso de Biologia Eduardo Ramires. Ele conta que um grupo de professores já entrou em contato com o Ministério Público do Trabalho, e que terão uma audiência no dia 22 de janeiro com o promotor.

Outro professor, que prefere não ser identificado, diz que o corpo docente estava recebendo em torno de 70% do salário há meses. Por isso, vários abandonaram a instituição e moveram ações trabalhistas, o que teria agravado ainda mais as finanças da faculdade. Um comunicado emitido pela direção no dia 20 de dezembro, enviado aos docentes demitidos, diz que mesmo se todos os alunos veteranos fizessem a rematrícula, a faculdade teria condições de pagar apenas 30% dos salários dos professores.

Para os estudantes, o maior risco está na incompatibilidade de grades curriculares no processo de transferência, o que pode resultar em meses ou até anos a mais de estudo para viabilizar a formatura, já que terão de cursar disciplinas não previstas no programa de seu curso original. Além disso, os estudantes podem ter de arcar com a diferença no valor das mensalidades, lembra a aluna do 4.º ano do curso de Biologia Franciane Alves. "Nosso curso é mais caro em outras faculdades, e a Espírita deveria pagar essa diferença, mas o recesso está acabando e até agora não tivemos resposta nenhuma", diz.

O diretor Emerson Lopes, que assumiu a faculdade há menos de dois anos, diz que a instituição enfrenta graves problemas financeiros desde 2005 e que se as demissões não ocorressem agora os problemas surgiriam logo no início do ano letivo, com consequências ainda piores.

Sobre a possibilidade de não conseguir a transferência das turmas, Lopes diz que os professores dos cursos que não forem aceitos por outras instituições podem ser recontratados, com um salário menor, para concluir a formação desses alunos. Essa deve ser a saída para os cursos de Naturoterapia e Yogaterapia, modalidades que apenas a Espírita oferece na cidade. "Devemos ter uma resposta mais concreta sobre a negociação com outras faculdades na semana que vem. Os alunos serão avisados por e-mail e pelas redes sociais".

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